quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Túnel do Tempo

Samuel

Provavelmente, quando você ler esta carta, eu já não estarei por perto. Mas apesar disso saiba que vou estar sempre com você.
Por favor, não se sinta assustado por receber esta carta agora. Você sabe que eu a escrevi e até lembra que eu a escrevi. Apenas não sabe o que foi que resolvi dizer sobre mim.
Enfim, deixe-me dizer algumas coisas.
Se tudo aconteceu como esperado, agora você deve estar num conflito enorme. Deve ter lido aquele livro que tinha me dito que ia ler. O seu conflito deve estar a tal ponto que não sabe nem mais diferenciar o que é ou não é real. A única coisa que posso lhe prometer é que esta carta é o mais real que eu já escrevi na vida. Porem, apesar de todas as dificuldades que deve ter passado psicologicamente, o livro deve ter te aberto uma série de novas visões sobre essa sua idealização infantil que você insiste em ter de tudo.

Digo-lhe que, essa sua ingenuidade vai lhe trazer imensos prejuízos, querido.

Se sua vida fosse um teatro, a sua cena estaria bem curta e com várias falas esquecidas. Não leve isso a mal, pois geralmente nessas horas é que surge a grande emoção e você faz algo melhor que o premeditado. Talvez. Às vezes você se embroma e leva uma bela tomatada na cara, se o publico não aprovar sua cena. E você esta a um passo de levar uma tomatada.

Se sua vida fosse uma musica, por exemplo, ela seria bem comprida, daquelas de 9 minutos de duração, que altera constantemente o fluxo de minuto a minuto. Mas, apesar dessa mudança continua, torna-se macilenta e facilmente pulável, quando se quer ouvir na verdade musica boa. Você pode até querer usar uma frase dela pra representar certa fase, mas você certamente não a ouvira com freqüência. E você esta a um passo de trocar o CD.

Se sua vida fosse um esporte, seria algum bem divertido, como frescobol. O nome já diz o que você é, mas não é por isso que eu digo. É aquele tipo de esporte que é uma delicia de observar (tirando um ronco, é claro), mas quando vai jogar, descobre-se ser o ser mais desajeitado do mundo pra isso. É! Aquela beleza de coisa. Certamente dizemos “Isso qualquer um faz!”, mas na sua vez diz apenas “qualquer um menos eu, não entende?” sabe, sua ironia faria muitos darem risada do seu desenvolvimento, mas provavelmente, você mesmo não agüentaria mais.

Se sua vida fosse um livro, teria quatro páginas. Na verdade, acho que não teria texto algum, seria um livro de gravuras. Você é muito evasivo pra ter qualquer linha que possa descrevê-lo de alguma forma. Por que DE ALGUMA FORMA (como eu adoro dizer isto, espero que você goste), você é tão sem graça que na verdade não merece uma descrição. Claro, não é isso que as pessoas ao redor dizem (dizem pior, pode acreditar! Basta você olhar nos meus amigos, que não sei se são os mesmos que os seus.). Enfim, essas gravuras seriam poucas. Seria uma foto do seu olho, do seu tênis, da sua unha roída, do pote de balas, do seu livro amarrotado em cima de uma estrutura qualquer e alguma coisa que você mesmo pode deduzir que seja, pois eu estou sem a mínima criatividade pra deduzir agora.

Sabe, eu me canso às vezes de falar. Como você deve saber, pois acho que me conhece ao menos um mínimo pra saber disso, tenho muitas coisas a falar, tanto que as palavras me transbordam da boca. Mas é tal a secura da minha garganta que elas se perdem e vão parar em algum outro buraco do meu corpo (nariz, por exemplo). Às vezes, minhas mais profundas declarações são feitas pelo nariz, com um belo espirro. É bem mais fácil eu dizer que amo alguém espirrando que gritando pra meia dúzia de pessoas, se é que você me entende. Mas sabe, sinceramente, você não se importa com esse tipo de emoção, porque eu não me importo e se eu não me importo você provavelmente não se importara também.

Claro, há muitas semelhanças entre nós, Samuel. Talvez o cabelo. Brincadeira! Mas se há alguma semelhança, foi tentando fazer uma diferença. E se há alguma diferença, foi tentando gerar uma semelhança. Olha, eu posso dizer todas essas baboseiras que você provavelmente não vai sequer se preocupar em ler até o fim. Eu posso escrever: “eu comi purê de batatas de chinelo” que você nem vai saber que eu escrevi. Quando estiver lendo esse parágrafo sua cabeça vai estar tão longe pensando que eu falei sobre o bendito conflito da quinta ou sexta linha dessa carta, que sequer quer saber do que estou falando. Te conheço. E, alias, se eu disser que se alguém lhe perguntar por essa carta você vai fazer aquela enrolação super maravilhosa que só você consegue fazer, plantando todos os chumbos na horta da vizinha.

Enfim, digo muitos disparates sem me dar conta disso. Eu, na verdade, Samuel, só quero que você não seja tão tolo quanto eu sou. Só quero que saiba que, sendo quem você for, eu estarei sempre contigo, mesmo você não sabendo que eu existo.
Porque eu faço parte de você, como você faz parte de mim sem eu sequer ter te visto.

Espero que tenha entendido o que quis dizer em pelo menos 4 dessas várias linhas de papel amolecido.

Obrigado por me aturar.
Com carinho.
Samuel.

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Boa noite Andrea

Andrea

Esses dias de frio apenas aumentam a minha temperatura. Estou com febre. Estou doente a ponto de ir ao medico. Sabe que eu detesto medico, minha querida. Sabe disso.
Ainda não faz o tempo chuvoso que tanto prezo. Apenas as poucas lágrimas duras que seqüelam meus olhos escorrem por entre as florestas do meu rosto. Apenas meus cabelos maltratados pairam sobre o céu da minha cabeça, definhando todos os meus sonhos importunos.
E você está em todos eles minha querida.
Não quero mais sonhos, Andrea. Eu sei que ao fechar meus olhos você vai descer as escadas como naquele nosso primeiro encontro, forçosamente forjado por mim. Eu sei que, ao fechar meus olhos, a taça escorregara por entre seus belos dedos que eu segurei naquela mesma noite. Eu sei que, se abrir meus olhos, haverá mais escuridão do que quando os fecho.

Devo-lhe desculpas Andrea, novamente, pelos seus dedos. Arrependo-me tanto. Podes não acreditar em minhas palavras, mas quase que não durmo aquela noite. Não era minha intenção machucar sua mão com aqueles cacos de cristal. De qualquer forma, pode não ter tido importância para você. Mas insisto em dizer: quase que não durmo aquela noite. Por dois motivos muitos simples:

Não sei se me conhece a tal ponto, mas, acredite, sou um poço de arrependimento. Passo dias remoendo fatos, tentando me perdoar por algo errado, ou que meramente julgo errado, que fiz. A verdade é que eu fui um afobado, um descontrolado. Um completo imbecil por ter te machucado. Você diz que não houve zanga, minha querida, mas teus olhos não mentem por você. Seu silencio também não é um bem convincente. O seu silencio e o seu olhar foram na verdade o primeiro motivo da minha insônia.

Mas eu me contradigo novamente. Não só a culpa de te ferir, mas o toque de teu existir.

O segundo motivo foi por eu ter segurado sua mão entre as minhas. Suas mãos rosadas de belos dedos. O toque macio daquele membro gelado. O sangue vermelho estocado sobre o machucado daquela maldita taça que ousou te ferir.
Por minha causa.

Andrea
Foi ao tocar sua mão que tive a certeza que te amava.
Foi ao receber o seu olhar gélido que tive a certeza que me detestava

Andrea
Não sentiras minha falta quando eu partir, que não tardara.
Não sentirei sua falta quando partir. Carrego-te comigo em todos os momentos

Andrea
Escrevendo seu nome pela sexta vez nesta carta, meu olho lacrimejaram a tal ponto que nãopude me controlar. Não por você. Não por mim.
Mas por essa situação triste que um alegre final não terá.

Apagarei as luzes mais uma vez. Você vai surgir sorrindo e convidativa. A espera do embalo de mais uma canção que você vai escolher.
Podemos fazer um trato?
Escolhe a canção e eu escolho a emoção? Escolhe a aventura que eu escolho a temperatura? Escolhe a luz e então me seduz? Escolhe o dia e eu me encho de alegria? Você desconsidera meus últimos erros e eu ínsito no desejo?

CHEGA! Quanto disparate estou dizendo!

Se bem que eu tenho certeza que, só seria disparate, se você lesse ao menos uma linha desta carta.
E eu sei, nunca leras.

Boa noite Andrea
Carlo

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Pontos de Vista


Sobre decapitar o Gato de Cheshire...


O ponto de vista do carrasco era que não se podia cortar
uma cabeça que não estava presa a um corpo.
Nunca fizera tal coisa antes e não
iria começar a essa altura da sua vida.


O ponto de vista do Rei era que qualquer um que
tivesse cabeça podia ser decapitado, e tudo o mais
era disparate
.

O ponto de vista da Rainha era que, se não
resolvessem logo alguma coisa,
ela mandaria executar todo mundo em
volta(Essa ultima observação é que
ensombrecera a todos, fazendo-os
parecer tão sérios e anciosos).

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Drama em Carolina



Eu não estou certo se existe um final nessa historia
Mas eu vou contá-la de novo
Então muitas outras pessoas poderão contar a lenda
Que nem um de nós conhece o fim.

Era um lixão na Carolina do Sul
Tinha um garoto de dez anos
Entre seu irmão mais velho Billy
E uma mãe e o seu namorado
Que era um triplo perdedor com algumas tatuagens azuis
Que lhe foram feitas quando ele era jovem
E um temperamento de bêbado que foi fácil de perder
E agradecia a Deus que ele não tinha mais um revolver.

Enfim, Billy acordou na capota do caminhão
Demorou alguns segundos pra abrir os olhos
Deu uma olhada em volta da sua casa
E ele encontrou uma grande surpresa
Ele não viu seu irmão, mas sua mãe estava la
Com sua cabeça ruiva em suas mãos
Enquanto o namorado mantinha suas luvas em volta de um velho padre
Tentando sufocar o homem.

Billy olhou da janela do caminhão
Atirou-se, e então tinha de lutar para ficar
Ele viu que o camponês bastardo com um martelo
Tinha se tornado o padre, um homem fechado
O padre levantava para lutar pela sua vida
Mas ele era velho e era certo que ia perder
O namorado o acertava como podia
E o padre caiu bem aos seus pés.

Enfim, agora Billy sabia, mas nunca realmente atuou
O Homem santo mentindo naquele quarto
Ele ouviu dizer, “Esse deve ser Papai”
Então ele sabia o que deveria fazer
Billy guardou coragem o suficiente, a juntou
E se segurou na primeira coisa que ele pode encontrar
Estava fria, era uma garrafa de leite
Que fora entregada como todas as manhãs, ou seja, as nove.

Billy entrou e viu o sangue no chão e
Ele se virou e trancou a porta
Ele olhou ferozmente no olho do namorado
Sua mãe era um fantasma, muito nervosa pra chorar
Então ele rumou em direção ao homem caído
E da sua boca se soltou um pequeno som audível
Ele ouviu o namorado berrar: ‘Caí fora!’
E Billy disse ‘Não enquanto eu não souber o que isso significa’
‘Ta bem, esse padre estava atacando sua mãe’
Mas Billy simplesmente sabia quem estava fazendo drama
Então Billy fitou fatalmente o rosto dele
E acertou a garrafa no homem que deixou seu pai em desgraça e
O leite branco se esparramou pelo chão junto com o sangue, e o
Namorado caiu morto ao chão
Bem ao lado do padre que estava clamando por ar
Então Billy exclamou ‘Papai, por que teve de voltar pra cá?’
Sua mãe o puxou o pote de açúcar e empurrou o pote de mel, e
Puxou um envelope lotado de dinheiro
‘Seu pai nos deu isso’, e se desfez em lágrimas
‘Ele estava pagando nossas contas por anos’
‘Mamãe, vamos colocar seu corpo por entre as árvores
E por papai no caminhão com destino a Tennessee’
Quando disse isso, seu irmão entrou
Segurando o chapéu do homem do leite e uma garrafa de gim, cantarolando.

La la la la, la la la la, yeah
La la la la, la la la la, yeah
La la la la, la la la la, yeah
La la la, la la la...
La la la la, la la la la, yeah
La la la la, la la la la, yeah
La la la la, la la la la, yeah
La la la, la la la...
La la la la, la la la la, yeah
La la la la, la la la la, yeah
La la la la, la la la la, yeah
La la la la, la la la la, yeah

Bem, você agora ouviu um outro lado da historia
Mas quer saber realmente como termina?
E você quiser saber, a verdade sobre a lenda
Vá e pergunte ao leiteiro.

[O texto em português perde um pouco o seu afã, porém preferi fazer uma pequena tradução para uma melhor compreensão.]