sábado, 20 de junho de 2009

Marsala Siciliano Vergine

Nem 450 maços de cigarro, 280 garrafas do velho e bom vinho Marsala Siciliano Vergine que está embaixo do armário de casa, 9.000 barras de chocolate belga conseguiriam me animar desse bendito estupor. Tem sido absurdamente ridículos esses últimos dias pro aqui. Todos os empecilhos e ações que poderiam coexistir simultaneamente estão se interagindo. Tudo é o mesmo de sempre, mas sempre tudo tem sido o mesmo. As coisas poderiam ser diferentes:

Enjoei de me levantar cedo pra trabalhar, ganhar esse inescrupuloso dinheiro, que gasto em cigarros, bebidas, chocolates e mulheres.
Enjoei de ir dormir tarde, na cama já bagunçada da noite anterior. Não queria ter de dormir, mas não queria ter de acordar uma vez que já estivesse dormindo.
Enjoei de me entupir de comida relativamente pobre em nutrientes e vitaminas, unicamente porque o gosto me apetece. São várias coisas cujo gosto me apetece que abandonei meramente por ter se tornado um vício.
Enjoei de sair sábado à noite, para uma festa de algum desconhecido qualquer, dormir com uma garota aparentemente mais nova, prometendo ligar no dia seguinte. Mas simplesmente passar o domingo deitado num sofá, comendo pipoca, assistindo filmes e fumando igual uma Maria-Fumaça.
Enjoei de viver os mesmos meses do ano. Porque dezembro está sempre quente enquanto julho congela. Queria que houvesse mais outubro e mais abril, pois, geralmente, nem conseguimos saber a temperatura que irá fazer no dia seguinte.

Por um lado, o trabalho ajuda na distração, não me faz pensar nas porcarias que ando pensando ultimamente. E quanto ao dinheiro, posso tentar me equilibrar. Comprar mais besteiras e assim aumentar a diversidade de reclamações. Trocar álcool por refrigerantes, cigarros por balas de goma (?)... Ah, deixa pra lá.
Por um lado, dormir me parece ser bem atraente. Um habito absurdamente saudável e muito calmante. E quanto ao acordar... É, acho que já esqueci essa parte.
Por um lado, comer besteiras me parece ser bem atraente. Não consigo me imaginar fatiado um pepino e comendo com iscas de cenoura crua. E quanto a vícios, a própria vida é um vicio. Não darei importância a isso.
Por um lado, eu consigo imaginar a pobre garota sentada do lado do telefone, esperando uma ligação do canalha que sou. Sim, é o que sou canalha. Quanto a isso, prometo ligar para algumas delas de vez em quando.
Por um lado, essa estabilidade de temperaturas ajuda. Imagina sair de casa praticamente seminu e pegar um frio de -12°C. Quanto a isso, poderíamos ter uma temperatura instável, mas que nos avisasse por email algumas horas antes. Seria surpresa, sem surpresas.

Agora, aqui, enquanto fumo mais um cigarro e olho essas stripper se requebrando em cima da minha mesa, não posso reclamar de muita coisa. A fumaça do cigarro nubla minha visão, mas pouco importa quando minha mão está cheia de grana e prestes a enfiá-la dentro da cinta-liga da stripper. Nunca havia feito isso, mas precisava quebrar a rotina. Chega de filosofia inútil: essa noite é pra me divertir. E esquecer meu Marsala Siciliano Vergine. E a moça do lado do telefone, o chocolate belga, as pipocas: esse licor gasoso à minha frente com cheiro de tabaco já me é suficiente.

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Uma observação:

Não seja rude como eu. Não questione meu amor. Não espere bajulação. Não viva minha vida. Tenha autenticidade. Não deixe eu te usar. Não mime. Não ouse. Não estoure. Não me engane. Não engane ninguém.

Eu não questiono seu amor e, sinceramente, já não me importo mais com ele. Não criei as regras do jogo, mas era melhor que fossem discutidas desde o principio. Assim, os desencontros e os dados não teriam rolado assim como a foice do destino. Não acabou o jogo, ainda não jogamos o valete ou o coringa, mas é como se a rainha já estivesse em campo, atuando como blefe. Não que tudo seja um jogo que tenha ganhadores ou perdedores, apenas devemos nos levar como se tudo dependesse da ação do próximo.

O próximo não é oponente. É apenas o próximo. Você me conhece e sabe que eu faria algo assim uma hora. Tenho direito de viver a vida por mim, não por ti. Ok, nunca cobrara nada, porém o seu jeito me estressa. Somos opostos, somos diferentes e não somos os mesmos de antes. Isso é o que mais me estressa. O tanto que você mudara. Falta-lhe o antigo dom da comunicação que tinha, Anne. Falta-lhe muito agora. Mais do que pode imaginar. Se não consegue recordar do seu passado, me perdoe, mas não serve.

Fui rude? Então não me questione.
Se me questionou, não espere que eu volte com bajulações.
Perguntei de você? Então não diga que não sabe e jogue a moeda novamente a mim.
Quem sabe assim usa sua autenticidade e deixa-me parar de te usar?
Não bajulei, portanto, não bajule.
Não ousei, portanto não ouse.
Fui calmo, não estoure.
Não minta como fez. Nem pra mim, nem pra ninguém.
Seja feliz. Não espere que alguém a faça.

Boa noite, Anne.