terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Pequenas mãos

Um dia, essa minha habilidade de gostar das coisas simples demais vai me destruir.
Calma, sem exageros.

Nesses últimos dias, tenho passado por um estado um tanto engraçado, querendo reviver tecos do meu passado. Sim, justo eu que abomino passados em geral e quero esquecê-los. Arrebentar todas as correntes de passado que prendem qualquer parte do meu corpo físico e não físico.
Com isso, fui rever uma antiga playlist minha no computador e encontro uma música abandonada lá no meio. A música se chamava “Lynsey Wells” e nunca me apeteceu muito devido ao baixo volume que ela tinha. O que me irrita, pois não suporto musica baixa. Há! =)
Como quem não quer nada, resolvo meramente procurar alguma coisa sobre Franz Ferdinand, uma das minhas bandas favoritas (clichê) e compositora da tal Wells. Vi vários comentários sobre a música e sobre um possível vídeo que a musica têm. Enfim, lá vai o babaca procurar.
Quando termino de procurar o vídeo e vou assisti-lo, subiu um frio pela minha espinha e chegou a me congelar de tal forma que até agora não consigo entender. A música é absurdamente diferente da que eu tinha e absurdamente mais cativante. Um clipe em preto-e-branco com Saskia Pomeroy (a L. Wells no clipe) a correr feliz e saltitante pelo mundo,com suas pequenas mãos, ao som da tal música.



Saskia Pomeroy é uma atriz formada na Escola de Artes de Glascow, nascida no ano de 1985. Além de aparecer nesse clipe do Franz, também aparece em outro mais ou menos da mesma época, 2006, chamado “Wine in the Afternoon”. Saskia Pomeroy, por essas duas únicas apresentações em mídia, motivou algumas pessoas de uma forma um tanto engraçada na Europa.
A música e o vídeo falam sobre uma garota que adora correr e se libertar jogando os cabelos ao vento, com suas mãos pequenas. Basicamente como o lado infantil de qualquer ser humano que tenha ao menos uma gota de sentimentalismo no sangue. A inocência, beleza e bondade são estampadas na cara de jovem de uma forma que jamais vi em qualquer pessoa. E em pesquisas mais profundas, descobri que a própria L. Wells existira de verdade e era vista exatamente da forma que descrevi por Alex Kapranos, escritor da música.

E não foi a música, não foi o vídeo, não foi a Saskia (olha a intimidade, há!) nem nada disso que me fez gelar até a alma. Foi um conjunto em si que me fez quase cair da cadeira quando começou a tocar e me estabilizou na mesma quando terminou.
Por fim, ainda estou extremamente assustado pra dizer qualquer coisa mais. Deixarei o vídeo para quem quiser assisti-lo.


sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Sentimentalismo de Monitoramento

Um viva aos tempos nublados. Um viva aos dias de torpor. Vivas à morte, à libertação e às viagens astrais. Aos tempos nublados e a repressão indireta.
À vigilância, ao sono e à depressão. Ao espasmo, ao orgasmo e à destruição. Vulgo destruição essa falta de sentimentalismo barato que circunda essas mentes insanas. É tempo nublado. É tempo de ódio. É tempo de se jogar pela janela para se libertar.
Vigilância constante. Vamos todos nos policiar e policiar aos outros ao redor. Pois o gramado é, sem sombra de duvidas, muito mais esverdeado. Além disso, a privacidade escassa é sempre alvo de grande pudor interno e não sacro. Poderia até afirmar que o mesmo é INEXISTENTE.
Agora, o que leva a não-existência da mesma é o rancor de antepassados irrelevantes e momentos epifânico. Processos de introspecção particular são infrutíferos e provavelmente não são bem aceitos se você os materializar. Como dizer o que se quer sem trair os próprios pensamentos? Como dizer o que se quer sendo que você é monitorado constante e descaradamente? Seremos subjetivos e não diretos até o fim de nossos dias?
Seremos objetos diretos de especulações alheias?
Como então deixar de escapismo, espirrar as palavras sentimentalizadas e aderir à realidade?
Quer saber, não importa.
Foda-se, querida.

Leia também o Monitor de Sentimentos

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Algo

Boa noite.

Cuida-te.

sábado, 13 de dezembro de 2008

Caixas atrás da porta

De duzentos comentários que poderiam ser feitos nessas frações de segundos, o que melhor se encaixa nessa ocasião é:
A disponibilidade dos tênis mede a freqüência dos passos.

Por mais que possa parecer idiota, é uma possível alusão ao fato de meramente poder espairecer, devanear ou se adoentar. Não mais que isso, Luciano tinha vários calçados enclausurados em pequenas caixas empilhadas atrás da porta do quarto. A segurança dos mesmos eram aquelas caixas coloridas de vermelho-morango, azul-amora, marrom-creme-de-café e preto.
Em nenhum momento, porem, Luciano ficou por mais de duas horas sem um par de seus tênis. Dormia com eles, almoçava com eles. Fisiologicamente falando, claro. Até mesmo porque o mundo é fisiológico demais para que se possa tomar qualquer providência contra.
De qualquer forma, mais uma vez, o telecinésico persistia em andar só, desprovido de companhias que possam lhe acarretar desconforto, pensamentos destruidores sobre possíveis rotinas, lembranças marcadas sobre momentos agonizantes que poderiam derrubar qualquer ser humano ou mamute. Os passos ficariam marcados, uniformes e variados sobre a grama, silvando o estalar das folhas secas de primavera (quase que outono. Existe apenas a diferença de seis meses entre o inicio de um e o inicio de outro, como todos sabemos) que, alias, era a sua maior pré-ocupação daquele momento: estalar as folhas secas.
Os ramos das árvores balançavam sob o sibilo suave do vento, o único ser vivo além de Luciano. Era tudo o que Luciano precisava: algum lugar na qual seus pés não topassem com nenhum outro pé, seja ele feminino, masculino, unhas pintadas ou encravadas. Sua cabeça estava tão lotada de pensamentos alheios que os próprios precisavam se esquivar.
Luciano, mesmo apreciando a leitura do vento sob seus cabelos, merecia um maior descanso. Por isso, se jogou na grama, enfiou a testa na mesma e dormiu.
Acordou em sua cama, sabendo que o sonho nunca se realizaria. Porque era o maior sonho da sua vida. Andar sem topar com nenhum pensamento, seja próprio ou alheio.

E, de duzentos comentários que poderiam ser feitos nessas frações de segundos, o que melhor se encaixa nessa ocasião é:
A disponibilidade dos tênis mede a freqüência dos passos.

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Adeus Andrea

Andrea, esta é a minha última carta. Pelo menos a última que escrevo pra você.

Só pra constar o quanto eu devo ter te amado, minha querida. Devo ter, pois não sei ao certo o que sentia quando dizia que te amava.
Finalmente. Posso afirmar com clareza tudo o que mais desejei enquanto estive ao seu lado. Suas meias e as torradas com geléia de morango. Suas meias ficam marcadas nos tênis ficam tão marcados nas meias quantos os meus. Ficam tão coloridas quanto às cores do tênis, o que eu particularmente, não entendendo. E as geléias. Você gosta de geléias de morango com torradas. E seu tênis azul fica marcado nas meias, como minhas meias ficam marcadas do meu tênis vermelho. E você come geléias de torrada com morango. Quer dizer... Ah, deixa pra lá. É tanta a minha euforia que nem sei mais ao certo o que dizer.

Preciso te falar: comprei um novo guarda-chuva, minha querida. Não terei mais que correr durante a chuva para resgatar minha fortaleza de secura. De qualquer forma, é inútil. Desde que começou essa época primaveril de chuva eu desisti de usar. Andar ao léu na chuva sem guarda-chuva é o que há de melhor. Junto com esse frio ensolarado que toma conta dos meus dias e dos meus sonhos que, por acaso, minha querida, você não tem mais onipresença neles.

Andrea, minha querida. Como eu te amei. Amei. Amo.

Podemos tomar chuva ao menos mais uma vez juntos? Caminhar sobre aquela areia fofa de praia que sua foto eternizou? Comer maçãs do amor até nos empanturrar e ficar com a boca azeda de tão doce? Fazer aquele passeio de carro, no transito, enquanto você ajeita seus cabelos no retrovisor do meu carro?
Nos beijar acidentalmente como naquela primeira noite dos meus sonhos?

Nem toda a modificação do universo poderá tirar o sabor dos seus lábios da minha boca. Nem todas as mulheres do mundo podem tirar o suave toque dos seus cabelos por entre os meus dedos. Nem toda a cegueira me fará esquecer seus olhos brilhantes e faiscantes de tão azuis, na qual é extremamente fácil de se perder.
Ninguém poderá tirar a sua voz dos meus ouvidos. Sua voz foi feita para que eles a pudessem admirar, minha querida.

Mas era um sonho que já sonhei.

Andrea, perdoe-me por me deixar dormir em seu apartamento naquela noite. Estava sendo frustrante sobreviver sob os mesmos erros a toda ora. Os mesmos erros, as mesmas conversas, as mesmas palhaçadas, as mesmas discussões, o mesmo choro sofrido de raiva. As mesmas bebidas de leite. O mesmo banheiro imundo.
De qualquer forma, sei que fora a única pessoa que me deu alguma atenção. Agradeço eternamente por isso.
Alias, agradeço por me deixar desabafar com você sobre você, sem você imaginar que fosse você.


Obrigado Andrea

Adeus

domingo, 30 de novembro de 2008

Pedido a Órion

Eu sinto um frio enorme. Meus pêlos se eriçaram e não posso controlar minha velocidade de reação. Os passos ficam mais lentos, gradativamente, e vão se perdendo por entre as calçadas. Tenho uma blusa na bolsa, mas meus braços não alcançam.
Talvez seja porque eles sabem que o frio externo não é o único presente. Mesmo com blusa, ainda estaria com frio.

A noite que se espalhava era bem estrelada. Eu podia pensar em várias coisas naquela hora, mas aquilo que me vinha à mente era sobre uma única coisa: Órion. Ele reluzia com todo o seu esplendor e sua graça mirabolante. Sempre fui de admirar as estrelas e suas fabulosas personalidades. Personalidades essas que constantemente comparecem em meus sonhos e caminhos paralelos.
Órion era um exemplo. Sempre era um guerreiro de atitude admirável. Digo mais pela aparência, pois nunca emitira uma única palavra. Se bem que, não posso ver claramente seu rosto hoje, mas sei que já o tive bem próximo a mim. Ignore o pleonasmo.
Não havia qualquer motivo para sentir frio, mas por um único momento eu sentia que podia sentir qualquer coisa que não tivesse qualquer proximidade a mim. Foi quando eu a vi pela primeira vez.
Aquela folha, quase seca, solitária, no chão.
Ate então, estava misturado ao vento. Ninguém nas ruas me via, apenas sentiam a minha presença. Eu poderia soprar, mas as sementes de dente-de-leão só iriam se soltar se eu realmente me concentrasse e as olhasse fixamente. Eu não tinha velocidade fixa. Eu não tinha som. Eu não pesava nada. Ate aparecer à folha e eu entendi tudo.

Apelei a Órion que me ouvisse e que, ao menos uma vez mais, fosse um humano e pudesse me acompanhar todo o tempo. Durante o apelo, senti que seria impossível, mesmo se quisesse pois, se realmente acontecesse, Órion seria mais um humano ocupando espaço na minha cabeça. Não poderia me dar o luxo de guardar mais alguém. Assim, mudei meu apelo imediatamente insistindo para que apenas me ouvisse e, conseqüentemente, meu mais novo desvario.
Assim como a folha arrancada da árvore, eu flutuava com o vento, não era nada mais que aquilo e, na realidade não importava mesmo. Mas o prazo era excepcionalmente curto e, a seguir, a folha iria secar. Ele tinha cumprido com sua função na arvore, assim como sua vez de ir embora chegara. Despediu-se de suas iguais e voou como uma folha, por pouco tempo até atingir o solo. E então se preparou para a maratona de tempo até secar.

Órion, antes de ver a folha, eu me senti como se não estivesse pisando no chão. Eu me sentia como se estivesse flutuando.
Órion, eu acho que ainda falta uma coisa para eu completar minha estadia. E então já posso murchar.Só lhe faço uma pergunta, Órion.

Era o meu vôo?

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Falso Túnel do Tempo

Um túnel é traçado entre o seu presente e um passado não tão longínquo assim. Percebe-se então que o fato de você ter mudado tanto é simplesmente tentando não mudar. E se você não mudou de forma alguma, foi tentando de alguma forma mudar. E que essas mudanças partiram fundamentalmente do próprio ego inflamado.

Calma, é muita informação para apenas um parágrafo.

Perceba o quanto você mudou pelas suas fotos. Perceba o quanto você NÃO mudou pelas mesmas fotos. É melhor observar pelas fotos que você tira de você mesmo. Muitas vezes a posição é a mesma, o olhar é o mesmo. Mas o sorriso, o seu pensamento ou até mesmo a fratura no seu pulso ao segurar a câmera altera alguma coisa.

Mudou. Sem querer ter mudado.
Não mudou. Sem querer não ter mudado.

Ouça aquelas mesmas musicas que você ouvia ha dois anos atrás. Parece pouco tempo, mas se você for comparar vai perceber uma mudança sutil ou até mesmo grotesca sobre o seu “paladar musical”. Digamos que aquelas não te apetecem mais, enquanto aquilo que ouves agora pode ser motivo de banalização pessoal sua. Claro, em grandes casos, você fica ouvindo alguma coisa de antes, ou antes, ouvia algo de agora. Mas perceba pelos MÍSEROS detalhes.



Um túnel é traçado entre o seu presente e um passado não tão longínquo assim.

E esse passado lhe proporcionara deliciosas visões do futuro, pode apostar.

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Andrea. Te odeio.

Não é mais uma mentira sem fim, Andrea. Assumo meu amor a ti e a ti confesso meu ódio por ti. Parece redundante e oposto, mas não é. Amei-te pelas tuas meias, seus sorrisos, seus olhos, seus cabelos, sua pele e mais alguma coisa que não me lembro. Odeio-te pelos teus gestos, seus gostos, sua ironia, seu macabro amor a qualquer um que cruza seu caminho, sua confiança a mim e alguma coisa que não possa ou não queira lembrar.

Odeio o fato de tanto suportar falar e odeio-me por ter de sobreviver aturando suas falsas lagrimas de amor desfeito, refeito, malfeito e feito. Eu demorei vinte anos até encontrar a verdadeira amada. E você encontra o seu verdadeiro amado a cada esquina. Céus, como estou repetitivo! Mas é só porque você é repetitiva, amiga-amante. Pronto, crio agora um titulo pra você! Amiga-amante. Amiga minha, Amante de todos os outros. Você é tão crua que posso até te delimitar em algumas palavras. Não é como todos os outros humanos, indefiníveis com relação a adjetivos.
Você conseguiu.


Sabe quando despertou essa revolta em mim? Sabe?
Desde quando desceu por aquela porcaria de escada do cursinho. Que, por acaso, não mais freqüenta. Faz um mês que não a vejo naquela droga de escada, que só serviu pra tirar meu sono a noite. Escada, frio, Andrea e sono. Combinação maldita. Te odeio

Te odeio.
Como te odeio.

Amiga-amante. Desfrute da tua gloria social com seu sorriso a todos e suas lagrimas a mim. Porque todos desfrutam de seus sorrisos. Foi assim que conseguiu me atrair.


Sabe quando alimentou meu ódio, Andrea? Sabe?
Quando reproduziu minhas palavras seguras de boa honestidade ou de ma interpelação, aparentemente ingênua. Sei, não sou dono de todas as minhas frases, que tens o mesmo prazer literário que eu, o mesmo pensamento sobre torradas com geléia de morango ou o mesmo idioma. Eu podia me gabar, em tese, mas foi naquele segundo que percebi o quão sugado venho sido.

Amiga-amante. Desfrute de sua glória social com minhas falas e minhas lagrimas que em silencio são derramadas. Meu choro puro que demorou poucos anos para surgir. Desfrute do meu amor que nunca mais terás odiável-querida, amiga-amante. Como diz Drummond (detesto reproduzir frases alheias a mim, pois de alguma forma não me sinto digno de reproduzi-las. Pena que não pense o mesmo.) “o meu ódio é o melhor de mim”, ou algo que o valha. Pense bem, você tem o meu melhor e o meu pior. Tens a minha chuva de lagrimas, minha dádiva de sorrisos, meus dedos alérgicos. Alias, teve. Não mais os tem.


Quer saber de uma coisa?
Caralho, você é a primeira que eu escrevo cartas, a primeira a querer ser minha amiga (amante dos outros hehe), a primeira a ter meus olhos mareados e minhas brilhosas e escuras pupilas.
Pode conferir, na minha primeira carta, que você nunca recebeu, o quão detestável ser eu sou. Nunca falo de mim nas cartas, pois sou tão medíocre que sequer mereço atenção. E por isso te odeio pelo fato de estar certa co relação a mim. Não lhe mereço, não mereço atenção. Mesmo você tentando me dar alguma. Não mereço uma foto ao teu lado como um idiota qualquer numa avenida sem fim onde pombas, carros, pessoas e folhas passam sem serem notados. Nem podemos, futuramente, nos deitar na grama fria e seca de algum lugar qualquer e rir das nossas fotos, porque nem isso temos.

Consegue imaginar esse dia? O dia em que nós nos reencontraríamos e estivermos longe dessa nossa situação atual que tanto me aflige e tanto lhe agrada, Andrea. Eu queria poder, mas meu futuro é tão negro quanto uma noite de sono mal dormida que já é de praxe eu presenciar.

Só pra reafirmar Andrea, te amo te odeio.
Até a próxima e ultima.
Carlo.

sábado, 8 de novembro de 2008

Rena de pelúcia, chaveiro de Alce

Toda vez que Luciano andava por algum lugar sozinho era assim.

A cada passo que ecoava sentia como se houvesse reverberações dentro dos seus pequenos miolos que, por acaso, andavam fervilhando de idéias tolas e incompreendidas. Era como se coletasse varias palavras ao longo do seu caminho, colocasse num liquidificador, pulsasse e bebesse aquela mistura de melancolia, alegria e frustração. Era como se coletasse os pensamentos de cada pessoa que cruzasse seu caminho, enfiasse numa batedeira, pulsasse e colocasse no forno lento, enfiando logo após aquela gororoba goela adentro.
Porém, dessa vez, tudo fora exatamente igual.

Sentou num banco exatamente no centro do corredor de um shopping que cheirava álcool. Aparentemente interessado num joguinho de celular, mas após longos dez minutos de pura modorra, se irritou e fora a procura. De um banheiro.

Cada pessoa, cada objeto, cada caveira em tênis de vitrine ficava guardado na memória e no cérebro oco de Luciano. Que, por acaso, não tinha preocupação nenhuma, a não ser ficar vivo e asseado até as oito da noite.
Era sete e quarenta e nove. Ou seja, era uma missão praticamente impossível, pois, a partir do momento que sua cabeça não agüenta nem mais o peso dos próprios cabelos, é difícil agüentar outro alguém. Mesmo que esse outro alguém sejam sua Rena de pelúcia ou seu chaveiro de Alce.

A vontade de ir embora, tomar um bom remédio e se esvair em sono e torpor era imensa. Mas, se fosse, e apenas se fosse, não poderia reclamar posteriormente que não fizera nada ao fim da tarde.
Apesar de já ter se divertido o bastante, coletado dez pensamentos alheios e variados. De variados tipos de pessoas:

*Eu não acredito que não tinha mais aquela blusa!

*Minha mãe não me comprou sorvete.

*O que aquele cara ta me olhando?

*Nossa, que gostosa!

*Caralho. Eu vou botar pra foder nessa porra.

*♫”Don’t you go to the broken bricks, girl!” ♪

*Quê que eu faço?

*Ligar para a atendente, mandar fazer novos contratos com a empresa Palestina e demitir o Romeu.

*Rosana, mio amoré. Aonde estas?

*Dinheiro? Dinheiro… Dinheiro!


...conseguia se divertir um pouco mais.

Óbvio!

Luciano era telepático e telecinésico. E tinha de agüentar até as oito da noite. E era sete e quarenta e nove.

Toda vez que Luciano andava por ai sozinho era assim.

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Túnel do Tempo

Samuel

Provavelmente, quando você ler esta carta, eu já não estarei por perto. Mas apesar disso saiba que vou estar sempre com você.
Por favor, não se sinta assustado por receber esta carta agora. Você sabe que eu a escrevi e até lembra que eu a escrevi. Apenas não sabe o que foi que resolvi dizer sobre mim.
Enfim, deixe-me dizer algumas coisas.
Se tudo aconteceu como esperado, agora você deve estar num conflito enorme. Deve ter lido aquele livro que tinha me dito que ia ler. O seu conflito deve estar a tal ponto que não sabe nem mais diferenciar o que é ou não é real. A única coisa que posso lhe prometer é que esta carta é o mais real que eu já escrevi na vida. Porem, apesar de todas as dificuldades que deve ter passado psicologicamente, o livro deve ter te aberto uma série de novas visões sobre essa sua idealização infantil que você insiste em ter de tudo.

Digo-lhe que, essa sua ingenuidade vai lhe trazer imensos prejuízos, querido.

Se sua vida fosse um teatro, a sua cena estaria bem curta e com várias falas esquecidas. Não leve isso a mal, pois geralmente nessas horas é que surge a grande emoção e você faz algo melhor que o premeditado. Talvez. Às vezes você se embroma e leva uma bela tomatada na cara, se o publico não aprovar sua cena. E você esta a um passo de levar uma tomatada.

Se sua vida fosse uma musica, por exemplo, ela seria bem comprida, daquelas de 9 minutos de duração, que altera constantemente o fluxo de minuto a minuto. Mas, apesar dessa mudança continua, torna-se macilenta e facilmente pulável, quando se quer ouvir na verdade musica boa. Você pode até querer usar uma frase dela pra representar certa fase, mas você certamente não a ouvira com freqüência. E você esta a um passo de trocar o CD.

Se sua vida fosse um esporte, seria algum bem divertido, como frescobol. O nome já diz o que você é, mas não é por isso que eu digo. É aquele tipo de esporte que é uma delicia de observar (tirando um ronco, é claro), mas quando vai jogar, descobre-se ser o ser mais desajeitado do mundo pra isso. É! Aquela beleza de coisa. Certamente dizemos “Isso qualquer um faz!”, mas na sua vez diz apenas “qualquer um menos eu, não entende?” sabe, sua ironia faria muitos darem risada do seu desenvolvimento, mas provavelmente, você mesmo não agüentaria mais.

Se sua vida fosse um livro, teria quatro páginas. Na verdade, acho que não teria texto algum, seria um livro de gravuras. Você é muito evasivo pra ter qualquer linha que possa descrevê-lo de alguma forma. Por que DE ALGUMA FORMA (como eu adoro dizer isto, espero que você goste), você é tão sem graça que na verdade não merece uma descrição. Claro, não é isso que as pessoas ao redor dizem (dizem pior, pode acreditar! Basta você olhar nos meus amigos, que não sei se são os mesmos que os seus.). Enfim, essas gravuras seriam poucas. Seria uma foto do seu olho, do seu tênis, da sua unha roída, do pote de balas, do seu livro amarrotado em cima de uma estrutura qualquer e alguma coisa que você mesmo pode deduzir que seja, pois eu estou sem a mínima criatividade pra deduzir agora.

Sabe, eu me canso às vezes de falar. Como você deve saber, pois acho que me conhece ao menos um mínimo pra saber disso, tenho muitas coisas a falar, tanto que as palavras me transbordam da boca. Mas é tal a secura da minha garganta que elas se perdem e vão parar em algum outro buraco do meu corpo (nariz, por exemplo). Às vezes, minhas mais profundas declarações são feitas pelo nariz, com um belo espirro. É bem mais fácil eu dizer que amo alguém espirrando que gritando pra meia dúzia de pessoas, se é que você me entende. Mas sabe, sinceramente, você não se importa com esse tipo de emoção, porque eu não me importo e se eu não me importo você provavelmente não se importara também.

Claro, há muitas semelhanças entre nós, Samuel. Talvez o cabelo. Brincadeira! Mas se há alguma semelhança, foi tentando fazer uma diferença. E se há alguma diferença, foi tentando gerar uma semelhança. Olha, eu posso dizer todas essas baboseiras que você provavelmente não vai sequer se preocupar em ler até o fim. Eu posso escrever: “eu comi purê de batatas de chinelo” que você nem vai saber que eu escrevi. Quando estiver lendo esse parágrafo sua cabeça vai estar tão longe pensando que eu falei sobre o bendito conflito da quinta ou sexta linha dessa carta, que sequer quer saber do que estou falando. Te conheço. E, alias, se eu disser que se alguém lhe perguntar por essa carta você vai fazer aquela enrolação super maravilhosa que só você consegue fazer, plantando todos os chumbos na horta da vizinha.

Enfim, digo muitos disparates sem me dar conta disso. Eu, na verdade, Samuel, só quero que você não seja tão tolo quanto eu sou. Só quero que saiba que, sendo quem você for, eu estarei sempre contigo, mesmo você não sabendo que eu existo.
Porque eu faço parte de você, como você faz parte de mim sem eu sequer ter te visto.

Espero que tenha entendido o que quis dizer em pelo menos 4 dessas várias linhas de papel amolecido.

Obrigado por me aturar.
Com carinho.
Samuel.

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Boa noite Andrea

Andrea

Esses dias de frio apenas aumentam a minha temperatura. Estou com febre. Estou doente a ponto de ir ao medico. Sabe que eu detesto medico, minha querida. Sabe disso.
Ainda não faz o tempo chuvoso que tanto prezo. Apenas as poucas lágrimas duras que seqüelam meus olhos escorrem por entre as florestas do meu rosto. Apenas meus cabelos maltratados pairam sobre o céu da minha cabeça, definhando todos os meus sonhos importunos.
E você está em todos eles minha querida.
Não quero mais sonhos, Andrea. Eu sei que ao fechar meus olhos você vai descer as escadas como naquele nosso primeiro encontro, forçosamente forjado por mim. Eu sei que, ao fechar meus olhos, a taça escorregara por entre seus belos dedos que eu segurei naquela mesma noite. Eu sei que, se abrir meus olhos, haverá mais escuridão do que quando os fecho.

Devo-lhe desculpas Andrea, novamente, pelos seus dedos. Arrependo-me tanto. Podes não acreditar em minhas palavras, mas quase que não durmo aquela noite. Não era minha intenção machucar sua mão com aqueles cacos de cristal. De qualquer forma, pode não ter tido importância para você. Mas insisto em dizer: quase que não durmo aquela noite. Por dois motivos muitos simples:

Não sei se me conhece a tal ponto, mas, acredite, sou um poço de arrependimento. Passo dias remoendo fatos, tentando me perdoar por algo errado, ou que meramente julgo errado, que fiz. A verdade é que eu fui um afobado, um descontrolado. Um completo imbecil por ter te machucado. Você diz que não houve zanga, minha querida, mas teus olhos não mentem por você. Seu silencio também não é um bem convincente. O seu silencio e o seu olhar foram na verdade o primeiro motivo da minha insônia.

Mas eu me contradigo novamente. Não só a culpa de te ferir, mas o toque de teu existir.

O segundo motivo foi por eu ter segurado sua mão entre as minhas. Suas mãos rosadas de belos dedos. O toque macio daquele membro gelado. O sangue vermelho estocado sobre o machucado daquela maldita taça que ousou te ferir.
Por minha causa.

Andrea
Foi ao tocar sua mão que tive a certeza que te amava.
Foi ao receber o seu olhar gélido que tive a certeza que me detestava

Andrea
Não sentiras minha falta quando eu partir, que não tardara.
Não sentirei sua falta quando partir. Carrego-te comigo em todos os momentos

Andrea
Escrevendo seu nome pela sexta vez nesta carta, meu olho lacrimejaram a tal ponto que nãopude me controlar. Não por você. Não por mim.
Mas por essa situação triste que um alegre final não terá.

Apagarei as luzes mais uma vez. Você vai surgir sorrindo e convidativa. A espera do embalo de mais uma canção que você vai escolher.
Podemos fazer um trato?
Escolhe a canção e eu escolho a emoção? Escolhe a aventura que eu escolho a temperatura? Escolhe a luz e então me seduz? Escolhe o dia e eu me encho de alegria? Você desconsidera meus últimos erros e eu ínsito no desejo?

CHEGA! Quanto disparate estou dizendo!

Se bem que eu tenho certeza que, só seria disparate, se você lesse ao menos uma linha desta carta.
E eu sei, nunca leras.

Boa noite Andrea
Carlo

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Pontos de Vista


Sobre decapitar o Gato de Cheshire...


O ponto de vista do carrasco era que não se podia cortar
uma cabeça que não estava presa a um corpo.
Nunca fizera tal coisa antes e não
iria começar a essa altura da sua vida.


O ponto de vista do Rei era que qualquer um que
tivesse cabeça podia ser decapitado, e tudo o mais
era disparate
.

O ponto de vista da Rainha era que, se não
resolvessem logo alguma coisa,
ela mandaria executar todo mundo em
volta(Essa ultima observação é que
ensombrecera a todos, fazendo-os
parecer tão sérios e anciosos).

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Drama em Carolina



Eu não estou certo se existe um final nessa historia
Mas eu vou contá-la de novo
Então muitas outras pessoas poderão contar a lenda
Que nem um de nós conhece o fim.

Era um lixão na Carolina do Sul
Tinha um garoto de dez anos
Entre seu irmão mais velho Billy
E uma mãe e o seu namorado
Que era um triplo perdedor com algumas tatuagens azuis
Que lhe foram feitas quando ele era jovem
E um temperamento de bêbado que foi fácil de perder
E agradecia a Deus que ele não tinha mais um revolver.

Enfim, Billy acordou na capota do caminhão
Demorou alguns segundos pra abrir os olhos
Deu uma olhada em volta da sua casa
E ele encontrou uma grande surpresa
Ele não viu seu irmão, mas sua mãe estava la
Com sua cabeça ruiva em suas mãos
Enquanto o namorado mantinha suas luvas em volta de um velho padre
Tentando sufocar o homem.

Billy olhou da janela do caminhão
Atirou-se, e então tinha de lutar para ficar
Ele viu que o camponês bastardo com um martelo
Tinha se tornado o padre, um homem fechado
O padre levantava para lutar pela sua vida
Mas ele era velho e era certo que ia perder
O namorado o acertava como podia
E o padre caiu bem aos seus pés.

Enfim, agora Billy sabia, mas nunca realmente atuou
O Homem santo mentindo naquele quarto
Ele ouviu dizer, “Esse deve ser Papai”
Então ele sabia o que deveria fazer
Billy guardou coragem o suficiente, a juntou
E se segurou na primeira coisa que ele pode encontrar
Estava fria, era uma garrafa de leite
Que fora entregada como todas as manhãs, ou seja, as nove.

Billy entrou e viu o sangue no chão e
Ele se virou e trancou a porta
Ele olhou ferozmente no olho do namorado
Sua mãe era um fantasma, muito nervosa pra chorar
Então ele rumou em direção ao homem caído
E da sua boca se soltou um pequeno som audível
Ele ouviu o namorado berrar: ‘Caí fora!’
E Billy disse ‘Não enquanto eu não souber o que isso significa’
‘Ta bem, esse padre estava atacando sua mãe’
Mas Billy simplesmente sabia quem estava fazendo drama
Então Billy fitou fatalmente o rosto dele
E acertou a garrafa no homem que deixou seu pai em desgraça e
O leite branco se esparramou pelo chão junto com o sangue, e o
Namorado caiu morto ao chão
Bem ao lado do padre que estava clamando por ar
Então Billy exclamou ‘Papai, por que teve de voltar pra cá?’
Sua mãe o puxou o pote de açúcar e empurrou o pote de mel, e
Puxou um envelope lotado de dinheiro
‘Seu pai nos deu isso’, e se desfez em lágrimas
‘Ele estava pagando nossas contas por anos’
‘Mamãe, vamos colocar seu corpo por entre as árvores
E por papai no caminhão com destino a Tennessee’
Quando disse isso, seu irmão entrou
Segurando o chapéu do homem do leite e uma garrafa de gim, cantarolando.

La la la la, la la la la, yeah
La la la la, la la la la, yeah
La la la la, la la la la, yeah
La la la, la la la...
La la la la, la la la la, yeah
La la la la, la la la la, yeah
La la la la, la la la la, yeah
La la la, la la la...
La la la la, la la la la, yeah
La la la la, la la la la, yeah
La la la la, la la la la, yeah
La la la la, la la la la, yeah

Bem, você agora ouviu um outro lado da historia
Mas quer saber realmente como termina?
E você quiser saber, a verdade sobre a lenda
Vá e pergunte ao leiteiro.

[O texto em português perde um pouco o seu afã, porém preferi fazer uma pequena tradução para uma melhor compreensão.]

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Sobre Andrea

Você pode não entender muito bem meus sentimentos sobre a Andrea. Querendo ou não, nem mesmo eu entendo, meu colega. Espero poder entende-la um dia.

Ou até mesmo me entender.

sábado, 13 de setembro de 2008

Uma carta Mexicana

Joana
Dois anos se passaram desde minha ultima carta. Dois anos de muita dor e saudades da minha daminha de cabelos rubros e tênis roxos. Dois anos de modorra, fadiga, espreguiçadeiras de plástico com um pé quebrado e sorvetes de baunilha. Dois anos da mais macabra vida que qualquer ser humano poderá passar. Estou sendo irônico quanto ao sorvete de baunilha, claro, você entendera mais a frente. De qualquer forma, devo lhe pedir uma coisa. Peço-lhe desculpas por não ter respondido sua ultima tão breve.
Enfim, tenho de contar-lhe o que me ocorreu.
Eu era imaturo. Eu não sabia mesmo o que estava fazendo quando aceitei aquele emprego ridículo no México. Mas quão fascinante era a comida Mexicana, a dança mexicana, a cultura mexicana. O mundo mexicano em si. Era, como disse. Tudo uma pura ilusão.
Comecei trabalhando como promotor de eventos. Eu fazia o curso de publicidade na faculdade da cidade do México tranquilamente, quando arrumei um segundo emprego infernal. Era dos diabos mesmo. Eu ia fazer o marketing para uma empresa local muito grande. Eu mesmo não podia acreditar no que estava acontecendo. Realmente, não devia acreditar.
Eu fui enganado.
Na verdade, eu estava assinando um sub-contrato falso, onde o papel carbono marcava na realidade um contrato forjado. Perdi todo o meu dinheiro naquele contrato. Perdi tudo, menos meu apartamento. E como tinha pedido demissão do antigo emprego, não tinha dinheiro nem pra comer.
Minha moça.
Não fale ao meu pai o que aconteceu comigo. Enviei cartas a ele dizendo que estava bem e até mandei uma quantia em dinheiro, só pra parecer que eu estava bem. Isso há umas duas semanas atrás.
Mas não era só isso que tinha pra te falar.
Quero saber como esta seu irmão. A ultima vez que me escreveu disse que ele tinha quebrado o braço. Espero que não tenha sido nada de muito grave. Sei que um tombo do segundo andar de um apartamento parece muito, mas não me preocupei. Sei que o Marquinhos esta muito bem.
E quanto ao Eduardo, bem, não sei te falar muito bem o que eu acho da situação. Acredito que o suicídio seja para poucos e ele não era um dos que merecia. Não que se deva merecer pra morrer, mas é que ele tinha muito que fazer por você ainda. Recebi a carta de suicídio que ele lhe escreveu. Não respondi, mas eu a recebi e a li com muita atenção. Ele não me pareceu muito convincente, ele com certeza tinha outros motivos. E o baú? O que tinha dentro daquele baú? Você não quis me dizer. De qualquer forma, eu vou descobrir, pois estarei chegando à cidade dentro de breve.
Sim, eu consegui sair do México sem sofrer nenhum dano muito grave. Cheguei clandestino aos Estados Unidos e consegui arrumar passagens de volta a São Paulo com o dinheiro do apartamento que eu vendi.

Peguei sua última carta de novo. Nela tinha pequenas rugas no papel. Varias rugas pequenas, redondinhas e belas. Diga-me, por que chorava enquanto escrevia? Eu não sei o porquê daquele trecho. Se fosse onde se referia ao Eduardo, eu até entenderia, mas se trata na parte do “Eu perdi meus tênis roxos.” Lá havia uma ruga bem marcada, e quase o papel se rasgou ao escrever.
Joana, Joana...
Achou que eu só lia suas cartas sem interpretar os sinais do seu corpo. Eu posso saber até a posição na qual você escrevia nessa ultima carta. Mas pela variação de caligrafia sou capaz de afirmar que você a escreveu em cerca de doze fragmentos de tempo, com leves pausas de três minutos cada. E assim afirmo que você ficou nervosa ao me escrever.
Joana.
Você ainda me ama, assim como disse quando eu parti? Eu nunca retirei o que eu disse sobre você. Eu sempre pensei em você e nunca dormi com outra garota sem ter você na mente. Eu já havia te dito isso mais de uma vez, mas você não acreditou em mim. Eu sei que pareço ridículo, mas eu criava uma Joana a cada esquina que eu cruzava, tentando desesperadamente encontrara você em algum corpo. Em alguma voz. Em algum desejo. Em algum ensejo ou vontade de me amar. Eu nunca fui tão amado quanto por você Joana. Acredite, seu amor foi o que fez agüentar firme a minha existência.
Provavelmente outros homens já tenham lhe dito isso antes. O Eduardo, talvez. Mas é que você, Joana, é a pessoa mais incrível que conheci. Desde aquele dia, em que você entra no restaurante com um belo casaco rosa. Eu sempre odiei aquele casaco rosa. Mas se você gostava dele.
Enfim, peço-lhe mais uma vez desculpa pela demora, pelo meu irmão ter feito aquela burrice e te deixado assim, pela minha falta de bom senso ao te deixar.
Beijo Joana, eu sempre te amarei.
Do seu e exclusivamente seu.
Edgar.

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

ReDescoberta

É muito engraçada a forma como o mundo gira e para no mesmo lugar.
Fale se não é.
Estava outro dia a procurar alguma coisa pra fazer, em frente a essa mesma maquina que esta na sua frente quando, de repente, eu vi algo. A janelinha do MSN subiu e algum ser estava ouvindo uma banda chamada Ludov.
Ludov, Ludov. De onde raios eu conheço essa banda?
Devaneio profundo, me veio na cabeça uma pequena cena inútil dos meus tempos de menino.







Há quatro anos atrás, eu tinha como lema uma musica da banda, chamada Kriptonita. Era uma musica que falava basicamente aquilo que eu precisava saber naquela época. E o videoclipe era basicamente a historia de uma mãe que perdeu a infância da filha. Enfim era isso.
Depois disso, nunca mais. Apenas leves comentários como “e no seu apartamentooo” [Princesa].

Baixadas pelo menos quatro musicas da banda [Rubi, Disco Paralelo, Dois a Rodar e Kriptonita], resolvi procurar os CDs e alguma coisa a mais que pudesse me satisfazer musicalmente. Eu estava deprimido de tudo que andava ouvindo, e eu sou a pessoa mais fácil para enjoar de musica.
O que posso dizer é que até agora, em oito dias de banda, não enjoei ainda.

A banda tem um som gostoso de ouvir. Não é metal, não é rock pesado, nem nada. É um ritmo bom pacas que muitos considerariam Indie. Lembra um bocado Pato-Fu e mais alguma outra banda do gênero, como Gram.
Enfim, a banda tem músicas muito boas. Bem ritmadas, como em Dois a Rodar, com letras bem subjetivas, Rubi, histórias cotidianas, Urbana, e mais algumas outras bem animadas, Da Primeira Vez.

Se for pra indicar alguma musica, ouça Urbana. Deixarei o link do videoclipe ai para vocês. Enfim, eu que não sou de indicar musica, peço para que ouçam Ludov.


quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Soneto Insípido

Sua voz foi dissipada de meus sonhos
Seus olhos foram esmaecendo de meus lábios
Meus pesadelos se tornaram mais sábios
Meus lábios me traíram risonhos.

Suas mãos saltaram do meu pescoço
Seus cabelos enroscaram em meus ouvidos
As palavras, assim, perderam o sentido
O medo resumiu-se nesse frio colosso.

O desejo existiu
O amor fingiu
Os dedos sutilmente abandonaram-se no papel.

O calor viveu
A esperança esqueceu
E cobriu seu castigado rosto profundamente como um véu.

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Quarta no Quarto

Vamos lá, meu amor.


Dançando a dança dos imóveis



Ao som da canção do silêncio.

sábado, 6 de setembro de 2008

De novo, Andrea

É sempre assim.
Já percebeu que toda vez que te vejo Andrea, chove? Não? Comece a perceber.
Hoje foi aquela tempestade, onde o meu guarda-chuva saiu voando de novo. Sabe, ele adora fazer isso comigo, me abandonar no meio da tempestade, e torcer. Eu só queria que você estivesse lá comigo, pra me ajudar a pega-lo, mas é pedir muito. Sei que você ainda não percebeu o que eu realmente quero contigo. Sei que você conversa comigo por educação. Sei que você nunca vai estar comigo a pegar o guarda-chuva quando ele voar.
Você nunca vai ser minha pessoa amada, Andrea.
Eu queria te dar um pouco de geléia de morango com torradas. Talvez você não goste, não sei ainda, mas eu sei que o café você prefere puro e sem creme. Eu percebi. Aliás, eu te segui durante várias noites. Marquei seus horários, consultei seu nome, descobri sua posição de matrícula do cursinho.
Eu fiz tudo por você Andrea.
E agora fui longe demais pra desistir de você.
Eu posso ver a cor das suas meias quando você as tira. Seus tênis são iguais aos meus, impregnam suas cores em nossas meias. Não quero ser o seu lavador de meias nem o aliciador de seus pés, mas eu tenho uma curiosidade enorme em ver como você tira o sapato e como você anda pela casa. O modo como você se despe. Não, eu não sou nenhum tarado de plantão, mas imagino a maneira graciosa que suas roupas são espalhadas pela cama.
Quer saber de uma coisa? Eu não vou tentar te esquecer porcaria nenhuma. Nesses últimos dias que passei ao seu lado, te ouvindo calmamente, eu estava berrando por dentro. Eu aclamava por fora. Eu ria. Eu gritava. Eu chorava. Eu morria por dentro. Você não deve ter percebido, assim como não percebeu que só nos encontramos nos dias de chuva.
A chuva era no meu rosto. E tinha o leve gosto de lágrimas.
Leve gostinho amargo das lágrimas que você não viu.
Estava ocupada pra ver. Mas não estava tirando as meias.
Sabe, eu fiz várias coisas sem perceber. Sabe a música? Sim, aquela primeira música. Se você pedir as propriedades do documento, vai ver um pequeno comentário. Eu escrevi lá porque sabia que você nunca ia ver. Mas eu prefiro assim. Que você não saiba, que você não sofra, que você não morra. Que você não coma geléia de morango com as torradas. Pode ser que você nunca as coma, ou que coma todo dia, mas isso é algo que talvez eu nunca descubra, ou descubra amanhã. Depende de nós. Aliás, de mim. Basta eu fazer uma misera pergunta.
Céus, por que é tão difícil fazer uma pergunta? Talvez porque essa pergunta seja tantas embutidas. Aliás, quantos milhares de sentidos podem ter em “você gosta de geléia de morango com torradas?”? Somente milhares! E o único sentido talvez nunca seja captado. Mas, Andrea, não me peça maiores explicações. Nunca vai me pedir também, eu sei, mas é sempre bom que eu possa pedir.
Eu cansei de mentir. Eu cansei de chorar. Eu cansei de espernear. Eu cansei de tomar iogurte de salada de frutas. Principalmente daqueles de pozinho, que você deve misturar no leite. Eu cansei de tudo. Mas não consigo me cansar de cansar de você. Eu me canso de você todo momento. E mesmo assim você me reconquista a cada fração de segundo que existe nesse relógio maluco que se chama coração.
Está desregulado.
Está atrasado.
Está muito adiantado.
Está sem pilhas.
Preciso de ajuste.
Preciso de açude.
Preciso de você.
Preciso chover.
Preciso comer.
Preciso amar.
Amar é me desregular.
Está desregulado. Está atrasado. Está muito adiantado...

E você ainda não tirou os tênis. Por favor, não os tire. Seria demais pra mim. Não quero ter como visão essa perfeição de ver você tirando os tênis. Suas meias. Suas roupas se espalhando lentamente pela cama. Não, eu não sou tarado, já disse. Aliás, estou sendo um bocado repetitivo, não?
Aliás, você nunca vai ler isto, Andrea. Simplesmente porque eu nunca vou enviar.
Então aqui vai o que eu realmente preciso dizer.
Eu preciso de você. Você, como eu disse a minha amiga Iluminada, é o raio de sol que brilha durante a noite. Você brilhou nos meus sonhos. Nos meus passos. Nos meus desejos. Você. Você. Você. Você é a droga mais viciante que eu poderia usar. Mais do que suco de caju, muito mais.
Tem mais mil coisas que eu poderia dizer, Andrea. Mil coisas. Mas acho quesó o que eu disse já está mais que suficiente. Talvez um dia, você me diga espontaneamente se come torradas de geléia de morango, se suas meias mancham, se você larga as roupas na cama, se você leu o meu pequeno comentário naquela musica. E responder a ele, sinceramente.
De novo, Andrea, conseguiu me arrancar do sono.
Não falo mais nada. Vou me silenciar e não mais me viciar.
Não mais do que já estou.

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Soneto Incolor

Nesta rua de grades cinzentas
Espreita ansiosa por devoção
Do frio, que teu caule sustenta
Do mal, da raiz, do chão.

A orquídea floresce puramente
Seus raios dourados ofuscantes
Paralisam sucessiva e obscenamente
É a dor! É a dor! É ululante!

Prossegue, assim a flor dourada
Naquela rua incolor
Não anda, não fala, não nada.

E por mais que se insista
Ela é apenas uma flor
Aparece, desaparece e não deixa pistas.

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Radiografia Panorâmica [Medicina de Alice]

O mesmo ambiente da semana passada. Alice queria explodir de tanta dor de cabeça. Aquele cheiro de pasta, os latidos, a luz que pisca, as revistas mofadas, os quadros de auto-estima dental. A única diferença era a consulta: Radiografia Panorâmica.
Mordida cruzada. Era isso que a doutora havia dito. Provável uso de aparelho dentaria.
Agora era uma mãe e seu filho. Devia ter cerca de cinco anos no máximo. Mas já falava como alguém que tenha duzentos anos. Todo o tempo. A pergunta que era mais frequentemente repetida era: ‘Aquilo é azul ou verde, mamãe?’.
Alice revirava a bolsa furiosamente, procurando o pedido. Estava extremamente irritada com tudo aquilo. O maço de cigarros reluzia no bolso, preso a um papel dobrado. Não era o pedido, era uma carta de Lúcio.

‘Querida Alice
Fomos todos à praia já. Eu, Júlio e Ronaldo Esperaremos vocês as dez no quiosque de sempre, certo?
Leve seu protetor solar.
Beijo, te adoro.
Lúcio. ’


Lembrou-se que o papel estava na geladeira parda de sujeira. Por sinal, vazia. A única utilidade era colar recados.
Alice, Sandra e Rosana encontraram os garotos no quiosque. Às onze e meia. Os seis se sentaram sorridentes, sendo frequentemente observados. Mas nenhum deles realmente se importava com isso.
Alice e Lúcio trocavam olhares frívolos. O único atento a esse fato era Ronaldo, o garoto da sunga azul. Com a veia pulsando na testa, os olhos eclodindo das órbitas e os pés se contraindo de medo, o moreno tossia, evidentemente, querendo chamar atenção geral.
Alice tirou o pedido do bolso à direita. Entregou a moça do caixa, junto com o cartão de débito automático. A moça, rudemente, aceitou o pedido e passou o cartão na maquina.
Quando Alice terminou de pagar, se dirigiu a sala de espera e rapidamente foi chamada.
-Ponha sua cabeça ali e morda o plástico branco.

Senhor Odonto Malvado! Foi o que pensou Alice ao ver o aparelho. Assimilava-se a um capacete rotativo com uma cúpula para fixar a cabeça. Apesar do título, Alice o fez. Pôs a cabeça no capacete e mordeu o plástico.
-Tente não se mexer. Se possível, não respire.

Ele quer me matar! E começou
A máquina começou a rodar lentamente em volta da cabeça de Alice. Sentia que queria vomitar. Seu cérebro começou a vincular imagens de Lúcio. As pálpebras se fecharam. A máquina rodava velozmente. Ferozmente.

Não apague o Lúcio da minha mente! Por Favor!

Parou. Ela se sentia exausta. O mordedor de plástico quase se partira com a força que mordera.
-Pode aguardar na recepção, sim?
Pegou a bolsa e voltou pra sala azul. Os quadros de alta-estima dental sorriam diabolicamente, como se zombassem da pobre moça.

Exame entregue. Fones no ouvido. Batom retocado. Sol no rosto.

Lúcio na mente.

domingo, 3 de agosto de 2008

É incrivel como, mesmo com os olhos abertos, a escuridão permanece.

sábado, 26 de julho de 2008

Carta de Suicídio

Joana:
Eu fui para um lugar melhor, pode apostar.
Sei que nunca fui bom o bastante para ter os seus sentimentos. Eu estive durante muitos anos ao seu lado, sentindo isso. Sei que te aflige toda a situação que fiz você passar, desempregado, morando no mesmo apê que você, comendo da comida que você comprava e bebendo compulsivamente. Mas entenda que precisei disso.
Desde que minha mãe faleceu, eu precisei de muito carinho de uma garota atenciosa como você. Mas sei que tudo não passava de uma grande farsa que nós entramos, minha garota. Seus lençóis ficavam quentes, mas seu corpo permanecia gelado como uma pedra, naquela ultima noite. Eu sei, parece um tanto de loucura, mas eu sei quando você se sente animada ou não. Seus pés não conseguem mentir como você.
Joana, Joana...
Desde que te vi, com aquela música do The Cure tocando naquele barzinho, que senti que era você. Parece que foram dois segundos atrás. Seu casaco peludo que eu odiava. Como conseguia usar aquela coisa alérgica e rosa? Eu espirrava só de chegar perto quando usava aquilo. Mas não vem ao caso.
Você é a garota com quem eu quis passar o resto da minha existência. Não me importa o que ache de você, pra mim, você é tudo. Não digo que é perfeita, mas até seu modo de errar me impressiona. É incrível como você fica vermelha, abaixa o rosto de pede desculpas naquele tom de criança chorona que só você mesmo sabe fazer. Sua unha do pé, pequena e arredondada, seus olhos escuros como um véu, sua voz doce como um pêssego. Joana, Joana...
Seu tênis vermelho está bem ali, à esquerda. Consegue vê-lo? Eu estava admirando, lembrando-me daquela noite que andamos no parque. Como você consegue fazer essas coisas? Chutou a pobre árvore sem ver! Eu sei que a arvore não se importou, mas o pobre tênis e seus lindos dedos se importaram. Ahh, que saudades daquela noite, daquela estrela, daquele banco quente.
Enfim, eu creio que você esteja chorando agora, tenho de lhe reconfortar ao invés de mencionar esses fatos.
Eu fiz porque te amava demais. E eu escutei quando você disse a Lucia o que queria fazer. Eu não ia suportar a idéia de ficar sem você, Joana! Você sabe o quanto eu te amei. Mas não se sinta culpada, eu lhe juro, você será recompensada por isso. Posso parecer mesquinho por querer fazer monopólio de você, mas é que você sempre foi tudo o que precisei! E não estou falando de dinheiro, moradia ou lençóis limpos e quentes.
Você me deu tudo àquilo que nunca tive de nenhuma garota. Não sei explicar.
Mas enfim, fiz isso apenas porque queria te libertar desse meu assédio moral. Não ia conseguir dizer tudo isso e meramente sair da sua vida. Ia querer sempre voltar pra te ter em meus braços novamente, ou querer saber se já teve filhos, ou se já se mudou. Eu não ia poder fazer isso, mas ia fazer.
Joana, por favor, só lhe peço um ultimo favor, me perdoe por isso, ta bem? Alias, tem outra coisa: deixei um baú perto dos seus tênis. Lá tem varias fotos e textos que quis lhe enviar, mas nunca tive coragem. Sempre fui um covarde de carteirinha, sabe disso.
Alias, nunca tive qualidade alguma pra ser exato. Tem uma música do White Stripes que diz isso: Se há algo de bom em mim, eu sou o único que deve saber. Não me recordo o nome, mas é isso que diz. Ao contrario daquela musica do The Cure que eu detesto: como assim garotos não choram? É o que fiz até os últimos dez minutos.
Estou quase conseguindo o que quero. To escrevendo essa carta enquanto arrumo a cena desse quarto vazio. E também tomo coragem. Alias, consegui finalmente.
Beijo Joana. Eu sempre te amarei.
Do seu e eternamente seu
Eduardo.

quarta-feira, 23 de julho de 2008

Sim, Caroline!

.. This Boy .. diz:
por amor eu esperaria no deserto


Summer diz:
mtooo bonito
e estranho

.. This Boy .. diz:
eu sei

Summer diz:
G_G

.. This Boy .. diz:
alias, nao sei de mais nada
acabo de receber um email
mil pensamentos passam pela minha mente
sei quem esta la
e adivinhe!
é o submarino.

Summer diz:
sasuhuhuhua

.. This Boy .. diz:
sempre me animando ao mandar a oferta da escada que tanto paquerei no site
eu não passaria mais que tres noites no dserto
la fica menos de 0 grau

Summer diz:
shuashuahus
q coisa vc...

.. This Boy .. diz:
eu pareço dramatico? eu pareço fanatico?
olhe a musica: Caroline Yes [põe música do Kaiser Chiefs a tocar]

Summer diz:
parece fanatico

.. This Boy .. diz:
eu nao conheço caroline que se de valor algum

Summer diz:
sauhauhuhsuhauahsuhas

.. This Boy .. diz:
por isso crio uma caroline a cada esquina que vejo
por essas e outras meu destino agora é alemanha

Summer diz:
uhushuashuhauha
mano, vc tah com sono

.. This Boy .. diz:
onde as louras de olhos claros não são excessoes nem aritificiais

Summer diz:
e tah brisando

.. This Boy .. diz:
não!
não ha brisas no 14º andar!
apenas a ventania gelada daqueles labios frios soprando o ar ao ver minha imagem

Summer diz:
suhuashauhuashaushaushuhushusahuashuashuashuashuahuhuhusahas
velho, tah mto engraçado

.. This Boy .. diz:
alias, o que ser minha imagem?
um conjunto de bits tranformados em pixels...

Summer diz:
uhsuahuhsuahusahas

.. This Boy .. diz:
e tudo o que ele quer é apenas ouvir Green Day


Isso explica o porque não posso comer nada doce depois das 12 da noite. Entendeu Tamy?

sábado, 19 de julho de 2008

Raspagem [Medicina de Alice]

Alice precisava de um cigarro. Aquele ambiente fechado já lhe causava dor de cabeça. Se tinha algo que detestava era ter de esperar alguém, sendo que ela estava na hora.e quem se importava que ela nunca chegava na hora?

Era uma sala pequena. Dois sofás de dois lugares, uma mesa cerejeira branca lotada de revistas, plantas e um cesto de lixo. Paredes meio azuis, meio brancas, com quatro quadros de auto-estima dental. Um ventilador no teto, uma luz que pisca quase queimando. O cheiro de pasta de dentista.
Já tinha folheado três daquelas revistas medíocres sobre beleza. Os latidos dos cães na avenida a irritava profundamente. As duas senhoras conversadeiras, com quase 80 anos, rindo, se misturavam aos ruídos da furadeira da sala ao lado.

Quando se mexeu, a bolsa de Alice caiu do banco ao lado, virada para baixo. Ela olhou para cima, não acreditando, e pôs-se a recolher seus pertences. Foi quando ela viu a foto.
Era ela, Alice, há quatro meses atrás. Mais gordinha, cabelo mais curto, espinhas a mais, abraçada com Lúcio, aquele amigo dos tempos de colégio.

Um devaneio. Alice na praia com Lúcio, jogando bola num círculo de amigos. Cheios de riso, cheios de calor, cheios de bebida. Cheios de olhares pretensiosos.
Lúcio era raquítico. Moreno de pele muito clara, cheio de sardas nas costas, olhos bem escuros e cabelo baixo e curto. Tinha as espáduas muito largas. Usava uma bermuda vermelha com riscas pretas. Alice ainda era gordinha. Branca, loura, olhos castanhos e joelhos ossudos. Baixinha. Usava um biquíni vermelho com desenhos absurdamente brancos.
Ele, ria muito com seus dentes absurdamente claros e brilhantes. Ela, sorria com sua boca pequena, hipnotizada pelo garoto de espáduas largas. Pelo riso. Pelas sardas.

-Seu nome não é Alice Xavier? Perguntou uma das velhas.
Alice guardou a foto e entrou no consultório. Mexe e mexe. Cutuca daqui, aponta dali.
-Raspagem, três sessões, 150 reais em três vezes de 50 reais. Qual sua disponibilidade?
Sorriu.
-Quartas, as duas.
-As três então? Marcado. Dê-me seu nome completo e telefone.

Saiu do consultório. Sacou um cigarro da bolsa.

quinta-feira, 17 de julho de 2008

Embalagem Vazia

Tudo acontece nos dias chuvosos. É fato. Dessa vez, não foi diferente.
Mateus corria para casa, a três quarteirões dali. Estava encharcado da cabeça aos pés. Aquela não era daquelas chuvas geladas, e sim daquelas que queimam até os ossos.

Quando faltava cerca de duzentos metros para chegar a casa, Mateus virou-se para o lado e parou. No portão da casa de Dona Maricota havia uma embalagem de leite. Vazia.

Então se aproximou da pequena embalagem. Estava amassada e levemente pisoteada. Mateus a pegou.

Viu no fundo da embalagem um pequeno escrito: "Marcelo e Júlia". Logo se viu pensando na menina, filha de Dona Maricota, a escrever no fundo da embalagem o seu nome e o do namorado.

Mateus virou a caixa. Havia um desenho de pato Donald, em laranja, num pequeno pedaço azul. Pôs-se a pensar no Joaquim, outro filho de Dona Maricota, a carimbar todos os pedaços descoloridos da casa, com um Donald alegre e laranja.

Olhando o topo da embalagem, Mateus observou um pequeno corte na diagonal. Logo a imagem do Sr. Ronaldo cortando a embalagem de leite para preparar uma xícara de café com leite, surgiu nos pensamentos de Mateus.

Junto ao corte, uma marca de batom, em toda a extensão do corte, brilhava como uma flama vermelha. Dona Maricota, abrindo a geladeira, bebendo o leite no gargalo e jogando a embalagem pela janela, atingiu Mateus, fazendo-o tocar a campainha.

-Mateus! Meu filho, está chovendo! Vai pra casa!
-Dona Maricota, Tome a sua embalagem de leite vazia.
Dona Maricota pegou a embalagem. Virou-a entre as mãos. Vazia.
-É só uma embalagem vazia. E arremessou-a na rua.
-Dona Maricota! E as lembranças da Júlia, do Sr. Ronaldo, do Joaquim e as suas?
-É só uma embalagem vazia. E voltou para dentro de casa.

Mateus Caminhou até a embalagem. Pegou a entre as mãos e jogou a embalagem no cesto de lixo.
-Ela é só uma embalagem vazia.

E voltou pra casa. Pensando:
-Joguei as memórias de uma família no lixo.

segunda-feira, 7 de julho de 2008

Primeiro Dia de Sol da Última Semana

-Está um belo dia para se escrever um poema, não acha Mariana?
Foi o que Jonas disse.

Mariana mirou as nuvens. Estavam coloridas de um branco tão profundo que até parecia azedo. Eram poucas, porém grandes e largas.
O céu estava num azul tão profundo que era possível delirar se fixasse os olhos por muito tempo. Chegava a ser sudômico de tão azul.
Uma rajada de vento frio se chocou com Mariana. Era refrescante e contrastante com a temperatura de verão num belo dia de inverno.
Era apenas dez horas da manhã.
Mariana estava num balanço vermelho no parquinho perto de casa. Jonas estava no balanço amarelo. O balanço azul e o balanço rosa estavam quebrados, como sempre. O escorregador estava molhado, por causa da chuva de Quarta. O gira-gira não tinha ninguém. A casinha, melada de barro. A Areia, grossa. Os olhos, mareados. As roupas, imundas.
Então a menina fechou os olhos. sentiu como se voasse naquele balanço instável. seu vestido balançava e seus pés calçados na sapatilha brincavam. Uma única lágrima escorreu, decorrente do sono da manhã.
Enquanto isso, a imaginação ia longe, ao se ver voando com os pássaros e aviões. Senti as borboletas ficarem para trás, enquanto o único impulso era seu tronco preso naquele balanço.
Logo imaginou uma história, envolvendo uma princesa voadora, um príncipe-sabiá e um monstro-furtacor, onde a princesa, com suas asas, percorria toda a extensão do céu azul-sudômico com nuvens branco-azedo.
Tudo isso no embalo do balanço.

-Mariana?
-Sim Jonas, ouve esse:

Príncipe-Sabiá
Contra o Monstro-Furtacor
Princesinha a voar
Na nuvem sem cor

-É mesmo lindo.
-É uma história que acabei de inventar.
-Em casa você me conta. Vamos?

E se foram.

quarta-feira, 25 de junho de 2008

Busca

É possível acreditar em vilões naturais que se transformam em delicados sofredores. Claro que não, não existem vilões.
Carlo buscava lábios que esquentassem os seus. Buscava um coração que acariciasse o seu. Por isso, Carlo criou vários amores, vários romances. E buscou em vários rostos os lábios que esquentassem os seus. Os corações que acariciassem. O sexo que lhe abraçasse.
Enfim, Carlo era solitário e fingidor.
Nunca havia amado ao certo ninguém. Nunca sequer havia derramado uma lágrima por alguma alma viva. Era frio por dentro. Era frio por fora. Era frio.
Não pensem, porém, que era má pessoa. Contribuía com seu respeito e atenção àqueles que, de alguma forma, lhe agradavam.
Tantas vezes fingiu a namorada seu paradeiro. Era inevitável, saiu-lhe de sua boca, transbordando, sem que lhe fosse pensado. E tudo que mentia soava razoável, enquanto a mente fugaz encontrava pontos onde suas mentiras podiam romper. Porém nunca encontrava. Mas essa não é a história das mentiras de Carlo.
É a história do amor de Carlo.
Mas também é necessário informar sobre as mentiras, deve estar pensando. Claro que é. Quer saber mais? Se eu não tivesse lhe dito das mentiras, você não entenderia o real motivo da história ser triste. Claro porquê é uma historia, das mais triste que já contei. É triste porque é real.
Continuaremos as mentiras, depois prosseguirei para o amor.
Carlo já fingiu chorar ao telefone com sua namorada. E assim que desligava, após longas horas chorando, levantava o rosto como se nada havia acontecido, e soltava aquela risada, cuja reverberação soava no coração de paredes sombrias que pertencia a Carlo. Mas não era porque queria, era apenas um instinto.
Já fora muito maltratado no “amor”, mesmo que o fingido.
A primeira garota amada se fora. A segunda garota virara-lhe o rosto. A terceira ficara com seu melhor amigo na sua frente. A quarta terminou porque descobriu que amava garotas. Fora o cumulo. Naquela pequena mente sombria e perversa surgia os detalhes de um novo plano de sedução, enquanto suas mentiras continuavam a surgir.
Havia acabado de terminar com uma das garotas com a qual estava, pois outra já lhe enchia de vontade. Nem terminara de almoçar e já pedia a sobremesa. Não que fosse apressado, mas sempre que buscava o melhor.
Sempre se corrompendo mais.
Foi quando surgiu.
Descia levemente as escadas, como se flutuasse. Era apenas um brilho prateado que vendava os olhos de Carlo, desejoso de alguém que lhe aquecesse os lábios. Mas o brilho passou direto e foi-se. Carlo sentiu suas pernas tremerem. Sua voz falhou. Seus olhos se dilataram e sua mente se clareou.
Alguém havia lhe acariciado o coração. Coisa jamais feita.
Não tinha mais que a sua altura. Tinha os cabelos louros e os olhos claros. Sua pele era clara como o olhar direto pro sol. Não era comum, não podia ser comum. Era mais que comum.
Quando fora embora, os olhos lacrimejaram, de um ardor tão grande que não podia se imaginar. Aquilo havia iludido o pobre Carlo de tal forma que não agüentava mais em pé.
Assim, chegara em casa, na quarta-feira chuvosa, onde se deitara pensando no brilho. Sonhara com o brilho. Acordara pensando no brilho.
Mas o brilho não estava lá.
Quinta-feira fazia algum frio. A chuva não tinha feito estrago nenhum. Mas o coração acariciado parecia destruído tamanha quantidade de coisas que lhe revestia as paredes. A reverberação do som era mais alegre, mais explicita. Mais juvenil. Ele voltara a viver. E se sentia amar pela primeira vez.
Pode parecer: ‘que estúpida história, gosta de alguém que nem sequer sabe o nome’. Ai que tu se engana.
Carlo conhecia a figura. Freqüentava os mesmo bares e as mesmas livrarias que o brilho. Mesmo que o brilho não se desse conta disso Carlo sabia até o nome do brilho. Andrea.
Mas Carlo não fazia idéia se Andrea o conhecia também.
Enfim, Carlo, naquela quinta-feira triste decidiu falar com Andrea. Sabia que encontraria no cursinho, ao passar por aquele longo corredor de paredes frias, cujas janelas estava sempre fechadas. Porém, Andrea teria prova, e Carlo ouviu ao passar pelo corredor, tentando ver novamente o brilho. Assim, Andrea estava com muitos colegas de classe em volta. Mas Carlo passou umas seis vezes pelo lugar onde ela estava.
Sexta-Feira. Haveria uma festa onde os dois foram convidados. Caro esperava encontrar. Mas Andrea, com muitas faltas no cursinho, não comparecera.
Passa-se o fim de semana com a angustia crescente no peito de Carlo.
‘Segunda é o dia’, pensou. E foi.
À noite, quando Carlo chegava, Andrea descia as mesmas escadas. Sem companhia alguma.
Carlo ia passar direto, mas os lábios o puxaram na direção de Andrea. Perguntou porque não comparecera na festa. Sua resposta foi um sorriso aberto que encheu os olhos de Carlo de lágrimas. Mas as palavras daquela boca transbordaram belamente, fazendo surgir o som. Amigos não iriam, estouro de faltas no cursinho.
Carlo tinha de estender o assunto. Disse que não fora legal, se tratando de uma festa promovida pelo Al, amigo comum de ambos. A festa fora uma porcaria porque Andrea não estava.
Perguntou, então, a qual carreira queria Andrea seguir, para estar no cursinho. Outro sorriso, uma levantada de pé. Movimentos belos da boca soltaram as palavras. Exatas!
Carlo percebeu que Andrea não se sentia tão a vontade, então se despediu do brilho e subiu as escadas, enquanto Andrea descia as outras.
A afobação fora tanta que não parava de tremer durante a noite toda. Sentia-se quente. Sentia-se feliz. Ele se sentia tocado. Mas não falara o que queria para Andrea.
Naquela mesma noite, Carlo, na frente de seu computador, encontrara Andrea no famoso site de relacionamentos. Não resistiu e convidou-lhe a participar da sua rede. ‘Que idiota. Enfiar o orkut no meio da história’ Era necessário.
Seus gostos eram bem semelhantes. Suas mãos tremiam freneticamente ao ritmo imaginário do som da biblioteca de papéis no peito de Carlo.
Porém, terça-feira que destruiu o belo sonho dentro dele.
Sentia-se alegre. Sentia-se bem. Sabia que a veria novamente no cursinho à noite. Mas como era junho, não lembrava que as férias chegariam tão rápida e violentamente. Por conseqüência, Andrea não fora.
Isso fez Carlo vagar pensando. Quando decidiu verificar seu correio eletrônico na própria escola. ‘Claro, está aceito. Até mais ver’
Foi seco. Foi duro. Foi impactante. Foi o fim pra ele.
A ingenuidade e a sagacidade de interpretação de expressões fazia Carlo realmente acreditar que Andrea correspondia a seu flerte. A resposta fora totalmente rude e seca.
No caminho para casa, Carlo chorava como criança. Os sons na sua orelha reboavam nas telas de vidro de seu coração quase despedaçado. Um colega, entendendo o fato, dissera para ter calma e ir devagar, pois Andrea pode realmente corresponder. Era o que precisava ouvir, mas a questão é que Carlo acreditava cegamente que Andrea iria corresponder bem diretamente. Mas não foi o que aconteceu.
Na chuva, sem agasalho e solitário, Carlo descia a alameda onde todas as noites caminhava até chegar em sua casa. Tivera seu primeiro ataque nervoso em anos. Tivera isso algumas vezes na infância, mas não acontecia como aconteceu.
Carlo ria e chorava ao mesmo tempo. Os fones de ouvido ressoavam uma musica de influencia hipnótica sobre o ouvinte. Aquilo tomou conta dele de tal forma que os joelhos cederam no meio do aguaceiro que a chuva causava. Era triste e sofrido. ‘Claro, está aceito. Até mais ver’. Como assim?E os meus lábios aquecidos? E o meu coração acariciado? E o meu corpo agitado?
Não agüentando mais rir e chorar, Carlo se largou no chão, e por lá ficou uns dez minutos, rindo e chorando feito um louco qualquer.
Como disse, essa é a historia mais triste que já contei na minha vida. Você deve pensar: ’que história mais ridícula, foi só uma frase idiota’. Mas a questão é: o coração do homem inabalável fora transformado e arrasado pelo brilho prateado que desce as escadas. Porque suas mentiras não fariam efeito em Andrea, que nem deve saber que Carlo existe, pra ser exato. Não te afeta, saber que o homem mentiroso, sedutor e frio foi atingido tão violenta e bruscamente?
Pois é, essa é a historia mais triste que já contei na vida.
Porque meu nome é Carlo. E hoje ainda é Terça-feira chuvosa.

domingo, 1 de junho de 2008

Soneto Insosso

Beijei a face do meu pesadelo essa noite.
Já não posso dormir por mais que quatro horas seguidas
Meu único pensamento é na dona da foice
Que possui seu templo de mil torres erguidas.

Beijei a face do meu pesadelo essa noite.
Agora sigo num estado de semivigília
Meus olhos estão abertos ao mundo
Pesadelo! Obrigado pela cortesia!

Sabe, não quero mais deitar
Sinto sono, mas não posso
Em quatro minutos, não irei mais agüentar.

Assim então, se acaba meu dia
Como os outros, insosso
Enfim, vai começar a agonia.

domingo, 25 de maio de 2008

Faça o que quer

É assim, sabe? Quando você quer algo, você deve fazer.

Não importa quantos sucos de laranja ou quantos pedaços de torta ja tenha ingerido.
É claro, por favor crianças, comer bolo quente dá dor de barriga, não se esqueçam. E suco gelado causa dor de garganta. E fones de ouvido causam overdose e surdez.

Fique surdo, gordo, doente. Mas faça o que quer.
É claro, por favor crianças, não saiam pelados na rua porque dá prisão. Espere chegar em casa para fazer isso.
Não fiquem pelados. Mas façam o que quiserem.
É isso aí.

domingo, 18 de maio de 2008

Esperando Respostas

Cara Natália.
Como tens passado? Há tempos que não tenho noticias suas. Espero que esteja tudo bem contigo.

Lembrei-me de você esses dias. Estava assistindo a um filme infantil, que conta à história de uma Ovelha que se apaixona por um Lobo. Enquanto a Ovelha fazia de tudo para ser notada pelo Lobo, esse comia [literalmente] as outras ovelhas. No final, descobre que o Lobo era uma ovelha disfarçada, que não comia as ovelhas, enquanto a Ovelha era um lobo disfarçado. Muito engraçado mesmo, me lembrou os velhos tempos de escola.
Enfim, fiquei sabendo da sua amiga Karol, que pegou uma bela doença. É grave, não? Bem, acho que a doença mental dela é algo que tem mais urgência de tratamento em relação às pernas. "Mas essa é uma outra história, e deverá ser contada em outra ocasião". [Procure essa frase depois, ok?].
Faz dois anos que não a vejo. É uma pena. Queria que me visse hoje. Eu mudei bastante, na minha opinião. No duro, me sinto bem mais maduro que o Ricardo que você conheceu. Provavelmente, se lhe ver, não terei mais aquelas brincadeiras escrotas de escrever em todos os lugares as iniciais dos meus ídolos, apesar de saber que continua com isso.

Permita-me ser mais direto, com gentileza.

Eu era um babaca por ter te dito tudo aquilo. Eu provavelmente nunca te amei e nunca vou lhe amar. Você, como pode perceber, é infantil demais para os meus objetivos. Sabe, eu adorava o fato de lhe odiar. Deve ser isso! E na verdade, até prefiro que você namore o Linton. Sério, ele gosta de você e você o ama, mesmo sem perceber. E não precisa mentir, sabe. Ficar comigo não vai lhe ajudar em nada. Porque eu sei o que você quer, e é atenção. E como você pode perceber, isso é algo que não posso lhe dar.
Sobre a sua antiga desculpa sobre a Karol, que é sua amiga e talz, não precisa mais ser usada. Porque ela me amava e as etecéteras. Sério! Eu a encontrei esses dias e ela me mostrou a aliança dela. Foi realmente um encontro emocionante. Aiai.
Sabe, eu descobri que não preciso amar ninguém pra me sentir bem ou mal. Meus dias aqui na faculdade já me são exaustantes e deprimentes o bastante.
Cá entre nós, pessoinha escrota eu era dois anos atrás.

Desejo-lhe felicidades
Com amor
Ricardo

OBS: Antes de o Lobo revelar que é uma ovelha, ele se apaixona pela Ovelha, que na verdade é um lobo. Foi um belo suicídio.

OBS2: Sabe, odeio quem confunde tudo. Namorar, Beijar e Ficar são coisas bem distintas.

sexta-feira, 16 de maio de 2008

1 -2 +3 -4 +5

Em matemática a expressão, 1 − 2 + 3 − 4 + … é uma série infinita cujos termos são números inteiros, que vão alternando seus sinais. Utilizando a notação matemática para adição, a soma dos m primeiros termos da série se expressa como:


A série infinita diverge, no sentido que a seqüência de suas somas parciais (1, −1, 2, −2, …) não tende a nenhum limite finito. De forma equivalente, poder-se-ia dizer que 1 − 2 + 3 − 4 + … não possui soma no sentido usual do termo.
Contudo, em meados do século XVIII, Leonhard Euler descobriu a seguinte relação qualificando-a de paradoxal:


Foi somente muito tempo depois, que se chegou a uma explicação rigorosa desta relação. Até o começo da década de 1890, Ernesto Cesàro e Émile Borel, entre outros, pesquisaram métodos bem definidos para atribuir somas generalizadas às séries divergentes – incluindo novas interpretações dos intentos realizados por Euler. Muitos destes métodos denominados da soma atribuem a (1 − 2 + 3 − 4 + …) uma "soma" de 1⁄4. O método da soma de Cesàro é um dos poucos métodos que não soma a série 1 − 2 + 3 − 4 + …, por isso, esta série é um exemplo de um caso onde deve utilizar-se um método mais robusto como, por exemplo, o método da soma de Abel.
A série 1 − 2 + 3 − 4 + … encontra-se relacionada com a série de Grandi 1 − 1 + 1 − 1 + …. Euler analisou estas duas séries como casos especiais de (1 − 2n + 3n − 4n + …) para valores de n aleatórios, uma linha de investigação que estende sua contribuição ao problema da Basiléia e conduz às equações funcionais do que conhecemos hoje como a função eta de Dirichlet e a função zeta de Riemann.
_____________________________________________________________
Relações heurísticas da soma

As explicações mais simples que relacionam 1 − 2 + 3 − 4 + … com o valor 1⁄4 são extensões de resultados relacionados com a série 1 − 1 + 1 − 1 + ….

Estabilidade e linearidade
Dado que os termos (1, −2, 3, −4, 5, −6 …) seguem um padrão simples, pode-se expressar a série 1 − 2 + 3 − 4 + … como uma versão transformada de si mesma e resolver a equação resultante para obter um valor numérico. Supondo que fosse correto expressar s = 1 − 2 + 3 − 4 + … para algum número s, as seguintes relações levam a mostrar que s = 1⁄4:


Somando 4 cópias de 1 − 2 + 3 − 4 + …, utilizando unicamente deslocamentos e somando termo a termo obtém-se 1.

s = 1 − 2 + 3 − 4 + …
s= (1 − 1 + 1 − 1 + … ) + (0 − 1 + 2 − 3 + … )
s= h − s,

onde h é a "soma" da série:
h = 1 − 1 + 1 − 1 + …
h= 1 − (1 − 1 + 1 − … )
h= 1 − h.

Resolvendo as equações h = 1 − h e s = h − s obtém-se que h = 1⁄2 e s = (1⁄2) // h = 1⁄4.

sábado, 10 de maio de 2008

Português, Futuros e um Bolinho de Salsicha.

A culpa foi do Sonho de Noiva!
Não, a culpa foi do Caldo de Cana.
Enfim, não sei ainda, mas entenderei.

Estávamos em mais uma grande jornada,
Flávia e eu, procurando um livro.
Alias, era O livro.
Enfim, após passar por um lugar onde o caldo de Cana ainda não havia sido entregue[não me pergunte como], resolvemos ir a um renomado Sebo/Livraria.

-Sabe de uma coisa Pedro?

-O que?

-Será que as pessoas reencarnam no passado?

-Como?

-É sério. Será que, se eu morrer posso voltar ao passado? Como por exemplo, ja não teve a impressão que já viveu no passado? Tipo, anos 40, 50?

Silêncio.

-Sempre tive a impressão de ter sido um cavaleiro medieval. Mas nem sei porque. Por que pergunta?

-Não sei. Será que, se eu morrer hoje, reencarno hoje?

-É uma bela questão.

Assim, o assunto foi encerrado.

Após passarmos no Sebo/Livraria, onde compramos um belíssimo livro de 64, quase em seu aniversario, em 12/12, esquecemos do assunto.
Passaram-se dois dias e eu já tenho sua resposta. Depois de Constatado que o livro era em português de Portugal.

Preste atenção, por favor. Você sabe que eu sou meio confuso.

Provavelmente, nós não reencarnaríamos no passado. Porque em todas aquelas ideologias d e tempo, destino e outras eu acredito não existir.
E se fosse assim, teríamos cumprido a história, de certa forma, toda conforme um plano para existir o que existe hoje. Está me entendendo?
Vamos pegar como exemplo àqueles desenhos que às vezes assistimos. Não, não ria ainda. Neles, quando o personagem volta ao passado e tem a chance de mudar tudo, ele desiste. Por que? Pelo simples motivo de não querer arriscar o futuro.
Sobre o mesmo exemplo, a personagem tenta não ver a si mesma. É sério, não tenta. Ela acredita que vai ficar louca. Mas acontece que aquilo já aconteceu, e ela não viu a si, portanto é impossível alterar o que ja aconteceu.
E ainda assim, todas essas teorias medonhas sobre destino. Mano, que broxante. É extremamente chato ver aquelas pessoas em série e filmes falando "É o seu destino cagar na privada azul". A, se for pra seguir destino, isso não é vida, não concorda?
Alem do mais, se fossemos reencarnar no passado, será que seriamos nossos próprios ancestrais? Perai... Eu seria meu próprio Vô? Mas isso depois de eu ter nascido? Que estranho, não acha?

Sabe, eu acredito que as maquinas do tempo que iremos construir nos próximos cinco anos nos ajudem a desvendar esse mistério.

E o nosso autor querido que escreveu um belíssimo livro de amplo linguajar intermundial.

Vamos parar de pensar esse tipo de coisas. Como você mesma disse:
"My cult status keeps me alive"!

quinta-feira, 8 de maio de 2008

Antropomorfismo ou Zoomorfismo?


Geralmente, quando se tem uma aula MUITO interessante, você faz de tudo, menos prestar atenção na porcaria da aula. Pois então, estou estou no meio de mais uma das porcarias de aula sobre as porcarias das Bacias Hidrográficas (Eletrônica Digital).


Bom, é nessas aulas MUITO interessantes que surgem os pensamentos mais inteligentes do mundo. Por exemplo: os Pingüins.

Os pingüins são adoráveis criaturas que são aves, porem se assemelham muito com mamíferos e humanos. Existe um programa infantil, com o nome bem original de Pingu, que conta as histórias de um medonho pingüim com sentimentos bem humanos. Geralmente, é uma história bem excitante, como o episódio em que quebra um vaso e a Mamãe pingüim desmaia. Lógico, pingüins têm vasos dentro de seus iglus (Abrigos feitos com blocos de neve compactada, e não meras casinhas de gelo).
Esse é um exemplo clássico de Zoomorfismo. Que beleza!

Mas voltando as Bacias Hidrográficas (Agora, a bacia Amazônica torna-se um complexo Contador de 0 a 9). Nosso querido instrutor Hernandes esta falando o melhor dos discursos sobre a porcaria do DataBook. E nesses momentos MUITO interessantes que surgem os pensamentos mais inteligentes do mundo. Por exemplo: os Professores.

O professor dava (ui!) aula num SENAI chamado Roberto Simonsen. e ele insiste em repetir isso cerca de cinco vezes ao dia, que foi quando me surge: "Esse professor é o cão!". Essa expressão geralmente é usada quando expressamos nosso amor antagônico por alguém. com isso, pensei naqueles pequinês vesgos, orelhas bizarras, caras de doidos, invocadinhos, peludos e que não param de latir. E assim forma-se a imagem de um desses seres me dando aula. O professor pequinês, pensei. Animal! Affz...
Esse é um exemplo clássico de Antropomorfismo. Que beleza!

Bom... Um dia acredito que esses bichos, como o professor, voltem para a selva e que os pingüins, como o Pingu, venha para a cidade quebrar os vasos de sua querida mãe.

terça-feira, 29 de abril de 2008

Cachorro Quente MUITO Macabro



Sexta feira de muito sol. Obvio, era mês de abril, no outono. Claro que tinha muito sol!

Enfim, eu resolvi comer um cachorro quente. Nunca gostei muito de cachorro quente por causa da praga que alguns insistem em chamar de maionese. Por isso, fiz uma grande revolução no modo de comer cachorro quente: pedi sem maionese!

Mas a historia em si não começa ai:

O travecão do cabelão:

P - Acho que vou almoçar um cachorro quente. Vou lá fora e volto em alguns minutos, ok?
F - Espere um segundo, irei também.

Enfim, foram.
E saíram pra comprar o cachorro quente.
Chegam ao tio do cachorro quente.

P - Por favor, um cachorro quente SEM maionese.

Alguns minutos depois...
T - Tenho que fazer de novo, eu pus maionese.

Suspiro. Gritos do Jack White no meu ouvido.

Alguns minutos depois, uma substancia não identificada é adicionada ao cachorro quente.
P – O que é aquilo que ele pos no cachorro quente?
F – Não faço idéia.
P – Prefiro acreditar que seja apenas vinagrete.

Mais alguns minutos, o cachorro quente enfim é finalizado.
E passado as minhas mãos.
Assim, surge a macabridade do momento:
T – (?) Ta parecendo um travecão com esse cabelão.
Novos berros de Jack White na minha orelha. E a bateria da Meg. E o meu dinheiro na mão do Tio.
P-Obrigado.... Tem troco?
T - Não, é dois reais mesmo.

Enfim saímos. Flávia e eu.
Quando do outro lado da rua caiu a ficha.
P - Ele disse que estava parecendo um travecão de cabelão?
Risos.
F – Eu acho que era a mulher do outro lado da rua.

Alias, até hoje não sabemos.




sábado, 12 de abril de 2008

O Ultimo Intruso

O Ultimo Intruso continuava no canto do campo. Os Refugiados se abrigavam no centro. O Ultimo Intruso não precisava de abrigo, tinha sua mente.


O Ultimo Intruso tinha os lábios grudados um ao outro. Os Refugiados não conseguiam fechar suas bocas. O único som que o Ultimo Intruso emitia era sua respiração.

O Ultimo Intruso tinha uma lapiseira azul entre os dedos. Os Refugiados nem lembravam que sabiam escrever. O Ultimo Intruso percebia isso.

O Ultimo Intruso tinha sono e uma mente cansada. Os Refugiados não paravam de tentar quebrar objetos e arremessa-los. O Ultimo Intruso cochilava sobre seu papel.

O Ultimo Intruso sempre olhava pela janela. Os Refugiados nem perceberam a existência da mesma. O Ultimo Intruso procurava algo.

O Ultimo Intruso estava só. Os Refugiados estavam separados em raças. O Ultimo Intruso era apenas o ultimo intruso.

Apenas o Ultimo Intruso.

sábado, 5 de abril de 2008

Dead Leaves and the Dirty Ground





Uma Folha não passa de
Uma Folha
Caída de uma árvore cheia
De Folhas.





domingo, 23 de março de 2008

Seqüência da Cidade 1
















As Luzes da Cidade
Parecendo Santidade
Brilham na Escuridão
E se arrastam pelo Avião
A Noite toda


E não param
As Luzes Amalucadas
Desenfreadas
Atrapalhadas
Desgovernadas
Até ficarem Apagadas



Essa Enfim é a Tecnologia
Mas que ideologia!
Luzes que imitam a Lua
E Lua que imita Luzes?