segunda-feira, 22 de abril de 2013

Monitoração de Consciência



Ano passado coisas terríveis eram ditas sobre mim. De fato, eu não fiquei sabendo na hora, só depois, bem depois. E é horrível isso.

Quando fiquei doente, mais comentários terríveis. O mais terrível foi quando eu estava numa cama de hospital, sem saber quando ia sair de lá e sendo tratado como se nada tivesse acontecido. Um colega me disse depois o quanto de arrependido foi consumido pelas besteiras covardes que foram ditas naquele período. O quanto de choro que foi derramado porque não sabia o que dizer, então disse demais. Os julgamentos precipitados feitos fora daquele quartinho 3X3 de hospital, onde tomei sei lá quantos mil comprimidos e quantas centenas de injeções.

Quando saí de lá, tomei nota desses comentários maldosos, que fique bem claro. Muito claro.

Agora que faz nove meses que saí de lá, ainda não me considero plenamente recuperado. Muito estrago físico e psicológico foi feito, e não só pela minha saúde, mas pelas pequenas coisinhas que descobri nesse período. E descobri que aqueles pequenos comentários maldosos começaram a surgir à tona de novo.

Gostaria de dar um conselho. Não espere eu estar numa cama de hospital de novo para se arrepender do que fala. Pode ser que, da próxima vez, eu não saia dela. Ou saia apenas para um lugar pior, mais escuro e mais gelado.

Obrigado.

segunda-feira, 25 de março de 2013

Sobre Almofadas



Uma vez conheci um rapaz diferente.
Na verdade, ele era mais diferente fisicamente que em qualquer outro aspecto, mas acho que o físico magrelo dele não entra nessa questão.
Conversamos por pouco tempo. Acredito que um mês apenas, umas duas vezes na semana. Foi pouco, assumo, mas o bastante pra me fazer refletir em algumas coisas um bocado interessantes. Devo adiantar-me e dizer que não sei mais do paradeiro deste rapaz, e na verdade nem me interessa saber isso hoje. Acredito que a época de nos falarmos já foi o suficiente e que somos tipos incompatíveis para qualquer tipo de conversa hoje em dia.
Mesmo que um dia nos encontremos em qualquer lugar confortável, como um sofá, e sentemos por uma hora, talvez não houvesse mais o que falar. Pelo menos não da minha parte. Seria extremamente desconfortável, por mais almofadas que existam entre nós.

Devo dizer que ele gostava muito, muito mesmo, de falar. Na verdade não me lembro da voz dele, mas lembro que ele gostava de falar. Ele falava sobre tudo, e parecia às vezes que não havia filtro entre o cérebro e a boca. Falava sem pensar, mas não que isso fosse ruim ou ingenuidade. Prefiro definir isso como transparência. Soa mais agradável pelo menos.
De qualquer forma, Ele falava sobre ele, as ruas, lugares que foi, coisas que gostava e mais ainda das que não gostava. Essas ele falava um bocado, era incrível. Lembro o quanto disse que detestava fotos de pessoas em frente a monumentos, e que suas fotos são sempre em frente a um fundo branco. Nunca entendi bem o motivo desse gosto, mas nunca questionei. Essa parte dele não me interessava.
Na verdade, eu me interessava quando ele começava a falar sobre ele mesmo. Isso sim era bem divertido. Explicarei mais para frente.

Lembro que me disse que um dia, viu um casal no ônibus. Mas a menina não ficava beijando o menino ou dando aquelas risadas esgarçada como as meninas faziam geralmente com seus namorados, ela brincava com ele, conversando com um sorriso, enquanto ele dava uns petelecos na cabeça dela e a chamava de 'feiosa'. Nada semelhante aquelas propagandas de pasta de dente, sabe? O casal sorridente que conversa com sorrisão de boca aberta, diferente daqueles dos comerciais que com o hálito fresco não desgrudavam os lábios um do outro. Mas tinha alguma coisa ali. Eles não se tratavam por 'lindo', 'bebê' ou algum desses apelidos carinhosos e pegajosos que casais fazem. Era mais 'cabeção', 'feiosa' e 'chulézento'.
Lembro que me disse isso com os olhos brilhando e, no fim, soltou um risinho dizendo: "Será que algum dia vou achar alguém pra me chamar de 'cabeção' ou algo assim?". Sorri mas não respondi. Na verdade, a gente nunca sabe o que responder para essas pessoas quando elas perguntam sobre o futuro delas.

Uma coisa que muito me intrigou, na verdade, foi quando comecei a analisar, de certa forma, criticamente o comportamento dele. Uma das coisas que me fazia refletir sobre ele era que ele dizia ser muito sentimental. Que se machucava fácil com as pessoas, que se decepcionava facilmente com elas. E que as deixava entrar na sua vida muito fácil, coisa que sempre acontecia pelo que percebi. Ele dizia não ter companhias, amigos e outras coisas do gênero, mas com um quê de exagero ele até que é cercado por bastante gente. Talvez eu entre no mérito 'quem é mais anti-social, ele ou eu?' mas vou me abster a falar dele. Onde eu estava mesmo?

Ah, então, ele dizia que as pessoas entravam muito fácil na vida dele, faziam uma baderna qualquer e saiam. Mas pelo pouquíssimo tempo que conversei com ele percebi um padrão que talvez mesmo ele não percebesse.
De fato, ele deixava as pessoas se aproximarem com muita facilidade. E elas o faziam, pois ele é alguém muito simpático, e diferente fisicamente, como disse. Mas ao contrário do que ele dizia, que as pessoas entravam e faziam bagunça na vida dele, e por isso se machucava fácil, percebi que o que acontecia era exatamente o oposto: ele afastava as pessoas discretamente. Elas tentavam se aproximar, penetrar de alguma forma naquela couraça atraente que era seu ego, e este ego de certa forma era convidativo. Mas, sem sinal, sem nada, ele acaba removendo a pessoa da couraça, e não sabe se explicar. E, por isso tanta gente ao redor dele, todos querem penetrar sua couraça, mas quando conseguem, ele expulsa. E por isso ele diz ter poucos ao seu redor. Ele não deixa tempo para que os outros procurem um lugar ao redor dele, peguem uma almofada e se sentem. Ele pega sua almofada antes, se levanta e deixa os desconhecidos a paisana.

Sabe, este era um rapaz muito bacana e simpático. Lamento muito que, de certa forma, tenhamos perdido o contato. Simplesmente aconteceu que, quando fui buscar minha almofada para me sentar perto e ouvir mais estórias, ele já tinha ido embora com a almofada dele.

sábado, 9 de março de 2013

Com Amor e Sordidez

Eu tinha escrito uma coisa enorme, chata e enfadonha, porém altamente pessoal sobre a minha atual situação. Porém resolvi passar uma borracha em tudo isso para manter apenas um trecho de um livro  amarelado que muito me acolheu agora a noite.

"Imagine um homem realmente sonolento, Esmé, e você verá que êle tem sempre alguma chance de se tornar outra vez um homem com tôdas as fac... com tôdas as F-A-C-U-L-D-A-D-E-S intactas."

J. D. Salinger - Para Esmé, com Amor e Sordidez.

domingo, 3 de fevereiro de 2013

Reptilianos



Os Reptilianos. Eles estão por toda a parte.

Esse não é mais um destes relatos paranóicos que você vai encontrar pela internet. Nem mais uma teoria demente de conspiração. É apenas a opinião de mais uma pessoa que anda, se alimenta, vive e sofre como qualquer ser humano normal.

Por qualquer lugar que você olhe, você encontra relatos falando dos Reptilianos. Alguns dizem que são alienígenas, outros dizem que são descendentes de uma linhagem, outros dizem que foi uma civilização antiga ao maior estilo Atlântida, mas eu sempre tive pra mim uma teoria diferente.

Baseadas em algumas lendas que li quando era mais jovem, tirei pra mim que os Reptilianos eram uma raça híbrida de répteis com humanos que vivia sobre a face do nosso planeta, em alguma época antes da escrita. Sempre vejo essa raça ser retratada como vil, má ou qualquer adjetivo negativo que consiga imaginar. Foram de certa forma extinta por algum tipo de civilização pré-histórica ou por algum ancestral do Homo Erectus ou Australopitecus. Ou pior. A causa da sua ruína foram seus próprios adjetivos. Não é o foco disso.

Várias literaturas, desde a antiga série 'O Elo Perdido', 'Os estranho Curioso',  um recente desenho da Liga da Justiça, ou mesmo livros de conspiração que falam sobre os Illuminati , mostram que esses Reptilianos deixaram um legado. Uma missão, onde diziam que iam voltar para poder tomar a terra que lhes foi tomada, ou algo assim. E que se escondiam onde ninguém lhes encontraria: No âmago dos seres humanos.

Recentes frustrações têm me feito enxergar o mundo de uma forma melhor. Tenho vistos sombras onde não existem. Vejo coisas que não estão onde estão. E o principal: estou com uma percepção extra-sensorial com relação às pessoas. Vejo seus comportamentos egoístas e mesquinhos todo o tempo, vejo sua ingratidão e falta de zelo. Vejo suas falsas preocupações com o próximo e sua preocupação absurda com aparências. Ignorância, intolerância e quaisquer outros adjetivos negativos que podem levar uma civilização a ruína.
Vejo suas semelhanças com os Reptilianos em todos os lugares. Entre pessoas nas ruas, pessoas próximas, e por incrível que pareça, pessoas que compartilho sangue.

Aliás, se esses não são iguais aos Reptilianos que teorizo, digo uma coisa muito pior que isso.
 Ou somos todos Reptilianos, ou somos piores que eles.

Esse é um relato que espero que você deduza se é real ou ficção.

sábado, 12 de janeiro de 2013

A gota

A gota.
Aquela gota que transborda.
Sabe... Aquela gota que transborda e cai do copo?
Ela é feita do mesmo líquido que já encheu o copo.

E meu copo está cheio e acaba de transbordar.