terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

O Casamento


A noiva foi a primeira a chegar. Sem dúvidas. E também fora a última a deixar o altar e a a Igreja.
Leve e exageradamente decorada com flores laranja e alegres, que exalavam um cheiro quase que alvo, a aparência alegre e estival da Igreja contrastava com o Inverno frio e melancólico que repulsava nos corações presentes. Falsamente desanimados, os familiares sussurravam os nomes do noivo e da noiva numa mesma oração, com espaço de tempo inferior a um suspiro.
Eu acreditava que, geralmente, em casamentos se usasse roupas claras e alegres. Mas parece que todos não gostavam muito da noiva e, por isso, usavam seus belos trajes negros, longos e improvisados. A propósito, da família da noiva, eu não via ninguém.
A não ser o canivete brilhante que eu rodava entre as mãos. O mesmo que unira meu primo à noiva, a Morte.
Ainda assim, consegui sorrir na minha macia e confortável roupa branca.

Eu consigo segurar o riso, fato.

Um comentário:

Pedro Dias disse...

Apenas como comentário adicional, o Título "O Casamento" trata-se de uma ironia. Apenas exprime a idéia da união entre o jovem com a morte, em seu velório.