domingo, 11 de janeiro de 2009

Platonismo ou não? Eis a questão.

Tentar fugir é inevitável. Eu tentei mais de uma vez e digo: será em vão da próxima também.
Eu, Roberto, posso garantir posso garantir que os regressos e as fugas, por mais opostos que sejam um do outro, são movimentos esquivos que jamais devem ser ignorados ou praticados.
Deixe-me explicar minha teoria… Antes, a mim.

Nunca fiz questão de me preocupar em como seria minha vida depois de determinado período. Pretendia sofrer meu presente explorando meus males de forma obtusa e antiquada. Sinceramente, nunca consegui. Nunca explorei porcaria nenhuma de forma nenhuma. No fim das contas eu ignorava tudo e ponto final.
Eu tinha um determinado tipo de fobia social. Não conseguia me ver no meio das multidões, não importando a qual tipo de multidão seja. Aliás, multidões servem exatamente para este propósito: muvucar. Mas não é disso que estamos falando. O que na verdade importa é que eu era cinza num mundo colorido. Isso quando não era colorido num mundo cinza. Esse meu lado casto é um tanto engraçado pois, mesmo depois de duas décadas e meia de vida, nunca mudou.
Relacionamentos? O meu mais longo fora com Viviane. Seis meses na primeira tentativa e três meses na segunda. Mas já explico como aconteceu. Alias, nunca tive um relacionamento durável com qualquer uma.
Minha família é simplesmente imensa! Estava sempre a fugir e tentar conquistar o meu particular, ou seja, estava sempre cercado por primos, tios ou algo que o valha. Mesmo não querendo. Mas não tenho mais motivos pra me preocupar com isso.

Viviane.
Surgiu sutilmente na minha vida. Acredite, foi assustador. Sabe aqueles amigos de amigos do vizinho da cunhada da prima de tal fulano? Essa era Viviane. Não importa sua descrição, não que não mereça, claro, mas aí vou me prolongar e ter de explicar mais milhares de coisas vãs. É isso que você quer agora?
Amigos por alguns dias. Subjetivos por algumas semanas. Namorados por alguns meses. Foi bem assim: ela me seduziu. Parecia que o modo como ela falava comigo era adaptado, pois eu ouvia as conversas dela com outras pessoas e me espantava. Comigo era solta, com um sotaque “Cult” e assuntos não finitos. Pode acreditar, ninguém nunca tinha se dedicado dessa forma por mim. Por isso, cedi. E a amei algum tempo depois.
Mesmo com meus ataques de “Bento Santiago”, acreditava que minha Capitu era tão casta quanto eu. Sem duvidas, até hoje não sei se estou enganado. Enfim, após nossos longos meses de namoro, algo foi crescendo que me incomodava incomensuravelmente. Não que seja verdade, mas eu me sentia sufocado. Viviane me dava toda privacidade, mas o problema era comigo. Então provoquei o término da relação. Com um ataque de ciúmes doentio que era inexistente. E então sumi.
Quatro meses foram suficientes para minha saudade me atormentar e me fazer voltar. Por incrível que pareça, fui aceito de braços abertos. Não queria que tivesse acontecido assim. Foi então que cedi pela ultima vez e pronunciei aquelas três vorazes palavras-chave. Hoje, eu preferia não as ter dito, mas, já que aconteceu, então foda-se.
Nos outros três meses, a melancolia voltou ao meu ser e, por assim dizer, não queria Viviane fisicamente comigo. Eu preferia o platonismo. É maluco, mas é o que eu sentia. E, por isso, novamente sumi.

Hoje, quando estava naquela festa familiar, o evento era o mais novo bebe da família. Filho do meu primo com não lembro quem. E o nome daquele bebe me atormentava os ouvidos irritantemente. Inclusive o mesmo apelido, que eu tinha dado a outra pessoa.
Viviane.
A última vez que ouvi tal apelido estava no alto da escada da casa. Acredito que foi a ultima coisa que ouvi.

Por isso, não adianta reviver nem fugir. Simplesmente tente ignorar.

Mas não foi o que eu fiz.

Um comentário:

felipe ! disse...

Platonismo é um mal delicioso, pelo menos para mim. Mas depois de tantas platonices, acho que uma brecha pra realidade sempre está disponível.

Você é curioso, saiu de algo assim, digamos, real, e caiu nas platonices. Você é curiosíssimo.