quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Sonhos em Luz e Plástico

As luzes. Cada minúsculo ponto brilhante daquela avenida consumia uma pequena potência de existência.
Havia bonecos em forma de bonecos, bolas em forma de bolas, sonhos em forma de pequenos farelos brilhantes que circundavam todos os glóbulos das lâmpadas que apareceram ao correr aquela semana pela cidade.

Um gracioso e reluzente Boneco de Neve de plástico brilhava por entre vários Pirulitos verdes e vermelhos. Todos possuíam nariz de Cenoura de Plástico, Cartolas de Veludo Negro de plástico, Cachecóis quentes e peludos de plástico e luzes extra-coloridas, dando uma majestade maior do que realmente aparenta ter um Boneco de Neve num país tipicamente tropical. Mas o sorriso daquele pequeno monte de plástico aparentemente inútil fazia com que os rostos de diversas crianças de todas as idades refulgissem a luz daquela noite pouco estrelada de uma época nublada. Panapanás coloridas de plástico voavam em bandos para lugar algum, em círculos eternos sobre uma armação de arames, transformando o ato de voar num singelo tempero alegre noturno e adocicado.

Gigantescos pinheiros concentrando as diversas cores em sua imensa extensão, onde em suas raízes estavam as esperanças e felicidades das crianças que esperavam um brinquedo. Bolas magistrais sempre nas mesmas cores pendiam de seus galhos como se fossem frutos de uma época inexistente, porém que pareciam saborosos aos olhos. Outros frutos também pendiam de outros postes, sempre com cores Rubras ou derivadas, mas nunca trazendo discórdia ou algo do gênero. Pelo contrário, acalmava corações aturdidos com bilhares de questionamentos.

Luzes tipicamente azuladas combinam com o Pseudo-Inverno da Estação veraneia. Luzes absurdamente verdes, fazendo os pinheiros parecerem maior do que realmente são. Vermelho forte, combinando com sentimentos intensos dos variados tipos de pessoas que por ali andavam. Amarelos e dourados chamativos, para que as pessoas acreditassem que era a época de ouro do ano. Prateados e Alvo, lembrando pássaros incrivelmente brancos que simbolizam tranqüilidade. Violetas, trazendo todo o mistério presente na imaginação absurdamente fértil dos humanos.

Uma criança parou na rua, apontou para uma pequena gravata iluminada e chamou sua mãe. Aparentemente, seus olhos refletiam a mesma intensidade, senão superior, a das luzes que eram emitidas pelas gravatas. Seus olhos lacrimejaram de graciosidade e um sorriso surgiu rapidamente no rosto. Outra criança parou e encarou o boneco de neve, com as sobrancelhas levemente arqueadas começou a questionar seu avô sobre a neve e como é feita. Seus ouvidos eram atentos a estória contada pelo feliz ancião. Uma terceira criança olhou para o grandioso pinheiro e o mostrou ao pai. Pai este abriu um gigantesco sorriso e abraçou o filho bem apertado, como se aquele fosse o seu pertence mais precioso. Outra criança olhou brevemente uma das borboletas no arame, lembrou de seus natais antigos, e abriu um sorriso para suas filhas .

E assim, todas as crianças iam olhando para o alto, com os rostos levantados, sempre com os olhos brilhando. Cada uma com uma reação diferente, mas todas com o brilho daquelas diversas luzes, de diversas tonalidades, refletindo todos os sentimentos que esperaram todo um ano para sentir novamente.

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