quarta-feira, 9 de março de 2011

À Deriva

Estávamos à deriva. Éramos dependentes do mar e do vento. Talvez até mesmo da estação Lunar. Como botes encalhados, esperando boas condições para o resgate. Como velas alçadas, quase hasteadas. Como âncoras sendo liberadas.

Era carvão, aguardando o fogo para combustão. Era como qualquer metáfora que dependesse de ação para reação. E este estado era definitivo, interminável, eterno, irreversível.

Porém não podia ser assim.

Apesar de esperar, algo acontecia até todo o processo ocorrer. Não que houvesse autocombustão ou auto-hasteamento. Mas mesmo botes encalhados mandam seus sinais de socorro. Estávamos à deriva, sim. Mas não totalmente imobilizados. O mar, o vento, a estação Lunar eram variáveis inconstantes. Nossa condição não.

Assim como o carvão a espera da combustão, éramos humanos, a espera da morte.
Mas nem por esse motivo deixamos de viver plenamente. Afinal, definitiva, interminável, eterna e irreversivelmente, estávamos à deriva.

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