sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Adeus Andrea

Andrea, esta é a minha última carta. Pelo menos a última que escrevo pra você.

Só pra constar o quanto eu devo ter te amado, minha querida. Devo ter, pois não sei ao certo o que sentia quando dizia que te amava.
Finalmente. Posso afirmar com clareza tudo o que mais desejei enquanto estive ao seu lado. Suas meias e as torradas com geléia de morango. Suas meias ficam marcadas nos tênis ficam tão marcados nas meias quantos os meus. Ficam tão coloridas quanto às cores do tênis, o que eu particularmente, não entendendo. E as geléias. Você gosta de geléias de morango com torradas. E seu tênis azul fica marcado nas meias, como minhas meias ficam marcadas do meu tênis vermelho. E você come geléias de torrada com morango. Quer dizer... Ah, deixa pra lá. É tanta a minha euforia que nem sei mais ao certo o que dizer.

Preciso te falar: comprei um novo guarda-chuva, minha querida. Não terei mais que correr durante a chuva para resgatar minha fortaleza de secura. De qualquer forma, é inútil. Desde que começou essa época primaveril de chuva eu desisti de usar. Andar ao léu na chuva sem guarda-chuva é o que há de melhor. Junto com esse frio ensolarado que toma conta dos meus dias e dos meus sonhos que, por acaso, minha querida, você não tem mais onipresença neles.

Andrea, minha querida. Como eu te amei. Amei. Amo.

Podemos tomar chuva ao menos mais uma vez juntos? Caminhar sobre aquela areia fofa de praia que sua foto eternizou? Comer maçãs do amor até nos empanturrar e ficar com a boca azeda de tão doce? Fazer aquele passeio de carro, no transito, enquanto você ajeita seus cabelos no retrovisor do meu carro?
Nos beijar acidentalmente como naquela primeira noite dos meus sonhos?

Nem toda a modificação do universo poderá tirar o sabor dos seus lábios da minha boca. Nem todas as mulheres do mundo podem tirar o suave toque dos seus cabelos por entre os meus dedos. Nem toda a cegueira me fará esquecer seus olhos brilhantes e faiscantes de tão azuis, na qual é extremamente fácil de se perder.
Ninguém poderá tirar a sua voz dos meus ouvidos. Sua voz foi feita para que eles a pudessem admirar, minha querida.

Mas era um sonho que já sonhei.

Andrea, perdoe-me por me deixar dormir em seu apartamento naquela noite. Estava sendo frustrante sobreviver sob os mesmos erros a toda ora. Os mesmos erros, as mesmas conversas, as mesmas palhaçadas, as mesmas discussões, o mesmo choro sofrido de raiva. As mesmas bebidas de leite. O mesmo banheiro imundo.
De qualquer forma, sei que fora a única pessoa que me deu alguma atenção. Agradeço eternamente por isso.
Alias, agradeço por me deixar desabafar com você sobre você, sem você imaginar que fosse você.


Obrigado Andrea

Adeus

2 comentários:

Débora Pereira de Almeida disse...

Não preciso, e não farei, nenhum elogio a mais pois sabes que és um dos meus escritores favoritos.

Tenho certeza que jamais teve um carro em que Andrea arrumou o cabelo dela, mas sua forma de escrever, sutileza, a forma como deixa suas mãos escreverem por você, mesmo que nada faça sentido algum, mesmo que nada daquilo tenha acontecido, mesmo que Andrea seja apenas um grito de desespero de sua mão.
Escute suas mãos, elas gritam. Não as ouve?

Mão coração ama, minha mão o expressa, sorrateira como ela só, inventando mil e uma formas de dizer aquilo que poderia ser dito de uma única maneira.

Agradeço a você ou a sua mãe por ter vindo morar a 12 andares acima de mim?

=)

Confia em mim, um dia ainda serei sua confidente. E você, o meu.

felipe ! disse...

Como você me disse, Andrea é uma indireta. Se eu fosse essa indireta, choraria um rio, pegaria meu barco, navegaria por entre as lágrimas e procuraria você.

Estou piegas, desculpe.

O fato é que sua Andrea soa sublime. Espero um dia encontrar uma Andrea, mas - perdão novamente - quero que pelo menos minha Andrea ande na chuva comigo. Não há coisa melhor, verdade ?

:]